ESTOICISMO

2022-02-10 15:01:11 #41 — Raiva não é um bom motivo para agir

"Não há coisa mais atordoante do que a raiva, nada mais inclinado pela sua própria força. Se bem sucedido, não existe alguém mais arrogante, se frustrado, ninguém mais insano — porque não recua pelo cansaço nem mesmo na derrota, quando a sorte remove seu adversário, volta seus dentes em si mesmo."
– Sêneca

Os estóicos reafirmam algo que precisamos internalizar com urgência: raiva não resolve os problemas — apenas os piora.

Se eu ficar com raiva de você, a sua reação é espelhar meus sentimentos e começar a sentir raiva de mim. Acabaremos discutindo por horas e, em nenhum momento, estaremos mais próximos de resolver o problema.

Existem pessoas que argumentariam: "a raiva é um combustível na minha vida" ou "eu consigo fazer as coisas melhor quando fico com raiva". É verdade que muitos conseguem resultados positivos ao utilizar a raiva como força motriz, mas ao se regozijarem pelos seus triunfos, deliberadamente deixam de lado os efeitos colaterais.

Ao utilizar a raiva como ponto de partida, ela gera um tipo de energia para manter o motor em funcionamento — e o motor demanda mais dessa energia para continuar funcionando porque é a única motivação que conhece. Um ciclo de raiva é criado.
Emoções intensas são tóxicas — canalizamos a sua energia e obtemos um resultado, mas ignoramos o outro lado da balança: o quanto elas nos destroem.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-09 18:01:16 #40 — Você não precisa ter uma opinião sobre tudo

"Nós temos o poder de não ter opinião sobre algo e não deixar que prejudiquem nosso estado de espírito — porque as coisas não possuem poder natural para moldar nossos julgamentos. "
— Marco Aurélio

Se alguém falar mal de você e você descobrir, provavelmente você ficará irritado(a) — eu provavelmente ficaria.

Vamos levar esse pensamento um pouco mais além: imaginemos todas as coisas que dizem sobre nós e não ficamos sabendo, todos os erros que cometemos e nunca percebemos, aquele pé de meia que perdemos e nunca sentimos a falta. Que reação teríamos a qualquer uma dessas situações? Nenhuma porque nunca tomamos conhecimento delas.

Podemos não ter opinião sobre algo. Podemos treinar nossa mente para utilizar esse poder de forma consciente, ao invés de uma forma acidental.

Marco Aurélio já deu nos deu a solução: as coisas não possuem valores morais intrínsecos. Elas são o que são, nunca algo bom ou ruim — isso é a nossa percepção que define.

Se percebemos algo como ruim, será ruim; se percebemos como bom, será bom. Então, por que não perceber como neutro? Sem significado, sem valor, logo, sem razão para alterar nosso estado de espírito.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-08 15:01:11 #40 — Você não precisa ter uma opinião sobre tudo

"Nós temos o poder de não ter opinião sobre algo e não deixar que prejudiquem nosso estado de espírito — porque as coisas não possuem poder natural para moldar nossos julgamentos. "
— Marco Aurélio

Se alguém falar mal de você e você descobrir, provavelmente você ficará irritado(a) — eu provavelmente ficaria.

Vamos levar esse pensamento um pouco mais além: imaginemos todas as coisas que dizem sobre nós e não ficamos sabendo, todos os erros que cometemos e nunca percebemos, aquele pé de meia que perdemos e nunca sentimos a falta. Que reação teríamos a qualquer uma dessas situações? Nenhuma porque nunca tomamos conhecimento delas.

Podemos não ter opinião sobre algo. Podemos treinar nossa mente para utilizar esse poder de forma consciente, ao invés de uma forma acidental.

Marco Aurélio já deu nos deu a solução: as coisas não possuem valores morais intrínsecos. Elas são o que são, nunca algo bom ou ruim — isso é a nossa percepção que define.

Se percebemos algo como ruim, será ruim; se percebemos como bom, será bom. Então, por que não perceber como neutro? Sem significado, sem valor, logo, sem razão para alterar nosso estado de espírito.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-08 15:01:11 #39 — Isso lhe fez se sentir melhor?

"Você clama, Eu estou com uma dor forte! Você, então, está sentindo alívio ao suportá-la de forma tão infantil?"
— Sêneca

Uma criança começa a chorar após cair e se machucar, pedindo pela mãe e reclamando da dor. A mãe corre e segura a criança nos braços, murmurando que tudo irá ficar bem e pergunta se a criança está se sentindo melhor. A criança diminui o choro e afirma que sim, não querendo sair dos braços da mãe.

Enquanto somos crianças, esse comportamento é normal, mas alguns ainda o mantêm ao longo da vida. Ao se deparar com problemas, dores, obstáculos, alguns clamam que a vida é injusta, choram, reclamam. E qual a utilidade de manter esse tipo de atitude? Nenhuma.

Quando você ouvir alguém reclamando e se lamentando, vire-se para a pessoa e diga: "espero que isso esteja lhe fazendo se sentir melhor". A resposta ao seu comentário será um olhar de choque e uma interrupção na lamentação. Obviamente, agir de forma infantil não está fazendo com que a pessoa se sinta melhor, mas ela racionaliza esse tipo de comportamento no meio da torrente de emoções — até que finalmente percebe a inutilidade daquilo.

Da mesma forma, quando estivermos nos sentindo um lixo e propensos(as) a reclamar de tudo e todos, devemos olhar para nós mesmos e perguntar: "Isso está me fazendo sentir melhor? Isso está me ajudando de alguma forma?". Normalmente, estaremos nos lamentando por besteiras e não existe sentido em continuar a chorar por algo que não tem importância.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-07 15:01:07 #38 — Medo: a profecia auto-realizável

"Muitos se ferem pelo próprio medo, e muitos encontraram o destino enquanto o temiam."
— Sêneca

Sêneca foi tutor de Nero e, por muito tempo, conseguiu controlar os impulsos (para não dizer loucuras) do imperador, até o momento que cometeu suicídio pelas ordens do próprio Nero. Sêneca afirmava que Nero era um homem justo e um bom imperador, como, então, esse homem justo condenou a mãe, a esposa e o próprio tutor à morte? Poder, paranóia e medo.

Um líder que teme ser traído agirá primeiro e trairá aqueles que nele confiam. Uma gerente que teme ser passada para trás agirá para passar os outros para trás e criará descontentamento. Um professor que teme a opinião dos alunos provocará aversão a si entre aqueles que estão na sua turma.

Nossos medos se tornam reais quando deixamos que eles conduzam nossas ações (ou nos impeçam de agir), mas qual é a origem da maioria dos nossos medos? O ego.

O ego é quem normalmente nos paralisa ou cega. Medo de sofrer alguma humilhação, medo de errar, medo de falhar, medo de parecer estúpido, medo de perder o poder, medo de perder o prestígio, medo de parecer incompetente. Justamente por causa do medo realizamos escolhas ruins que transformam o temido cenário em realidade.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-06 15:01:15 #37 — Ação constante é apenas uma distração

"Eu não concordo com aqueles que mergulham de cabeça no meio do dilúvio e que, aceitando uma vida turbulenta, lutam diariamente com circunstâncias difíceis. O sábio suportará isso, mas não o escolherá — escolhendo estar em paz, e não em guerra."
— Sêneca

O que Sêneca propõe está em perfeito acordo com a vida que a maioria vive agora: trabalhando sem cessar, nos culpando quando estamos ociosos e achando que estamos desperdiçando nosso tempo se não estamos correndo contra ele. Em outras palavras, somos controlados por um vício de estar sempre em movimento.

O problema não é estar em guerra, como diz Sêneca, é estar em guerra pelas razões erradas. Por que você se mata de trabalhar? Por que você tem medo do tempo ocioso? Por que você precisa estar sempre em movimento?

Na época dos empreendedores "ação 24h" e "hustle" é fácil se deixar levar pela necessidade de movimento constante, mesmo que ele não tenha o menor sentido, necessidade ou aplicação na sua vida. É admirável, não, ver essas pessoas trabalhando dia e noite? Mas estar em guerra sem ter um motivo é uma distração.

Se manter em movimento 24h ao dia apenas lhe afasta do que importa: você. Se você não para, você não tem tempo pra refletir, entender as suas prioridades, seus valores, quem você é e o que você deseja. Quando você entende tudo isso, você pode decidir se quer estar na arena o tempo todo e, finalmente, estar nela pelas razões corretas: porque você escolheu, não porque alguém prega que é o que você deveria fazer.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-05 15:01:15 #36 — O único filtro da realidade que você precisa

"Não seja jogado de um lado para outro, submeta todos os seus impulsos à justiça, e proteja sempre suas convicções."
— Marco Aurélio

Marco Aurélio já disse em outra meditação que devemos controlar nossos impulsos, ao invés de sermos controlados por eles, mas hoje os impulsos que ele comenta são um pouco diferentes dos impulsos materiais.

Pense nas pessoas com quem você convive, quantas delas não possuem um desequilíbrio emocional? (Não falo de pessoas que sofrem de transtornos psicológicos, mas daquelas que simplesmente não têm controle sobre as próprias emoções.)

Em um momento, tudo está perfeito e ela está no céu, no momento seguinte, uma colher cai no chão e o mundo dela cai junto, depois tudo fica maravilhoso para depois o teto cor-de-rosa ruir de novo — e o ciclo continua ad aeternum. Quão cansativo não é esse tipo de pessoa?

Essas pessoas não possuem filtros para os bons e maus impulsos e se deixam dominar completamente por qualquer um deles. Logo, elas vivem imersas no caos. Como, então, elas podem sair desse ciclo? Submetendo os impulsos ao único filtro que importa: a razão.

Uma das mensagens que os estóicos sempre reforçam é: impulsos sempre existirão e seu trabalho é controlá-los, nada mais, nada menos.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-04 15:01:08 #35 — Como ser invencível

"Quem, então, é invencível? Aquele que não pode ser perturbado por nada fora da sua capacidade de escolha."
— Epictetus

Há alguns anos, eu vi uma entrevista da Shirley Manson em um dos programas do tipo The Late Late Show. O apresentador conseguiu ser um absoluto babaca o tempo inteiro, mas a Shirley driblou todas as perguntas sem perder a classe.

Recentemente, eu assisti uma entrevista da Eva Green em um programa do mesmo estilo e, novamente, o apresentador se mostrou um completo babaca, especialmente em relação ao fato dela ser francesa. Ms. Green mostrou-se uma verdadeira dama e usou de bom humor para driblar as perguntas idiotas.

Tanto a Shirley quanto a Eva sabem que uma reação emocional a perguntas invasivas ou preconceituosas não é uma boa escolha e apenas deixará a situação pior.

Ao nos depararmos com estresses no dia-a-dia, devemos agir como a Eva ou a Shirley (em alguns casos, até mesmo como a Daisy Ridley): devemos manter a calma, sempre.

Ser invencível é escolher manter a calma e fazer as escolhas corretas independentemente da situação em que estamos. Devemos sempre contar com a prohairesis (escolha), como diriam os estóicos.

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2022-02-03 15:01:08 #34 — A origem das preocupações

"Quando eu vejo uma pessoa ansiosa, eu me pergunto, o que ela deseja? Se uma pessoa não está desejando algo fora da sua esfera de controle, por que ela estaria preocupada?"
— Epictetus

O aluno que está do lado de fora da sala pensando na prova que irá fazer daqui a alguns minutos. A professora que está nervosa, pensando em como os alunos vão responder à aula. O escritor que sente o coração acelerar quando aperta o botão de "publicar". Todas essas pessoas têm algo em comum: elas querem controlar algo que não podem.

O aluno não pode controlar como será a prova, apenas o que pode fazer para tirar uma nota boa; a professora não pode fazer os alunos se interessarem pela aula, apenas pode deixar a aula o mais interessante que puder; o escritor não pode controlar quem lê ou não seus textos, apenas o que ele escreve.

Esses momentos mostram como sacrificamos nossa tranquilidade por coisas que não deveríamos. Epictetus sempre nos lembra: devemos atentar apenas ao que podemos controlar, o que significa atentar às nossas escolhas e pensamentos.

Direcionar nossos pensamentos para as coisas que estão fora da nossa esfera de controle gera apenas preocupação e nervosismo.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como

2022-02-02 15:01:17 #33 — Seus impulsos não estão no controle, você está

"Enquadre seus pensamentos assim — você é uma pessoa velha, você não vai mais se deixar escravizar pelas coisas, não mais será puxada como um fantoche por cada impulso, e você vai parar de reclamar sobre seu presente ou temer o futuro."
— Marco Aurélio

Se alguém chegar e disser que não gostou das suas roupas, você trocaria de roupa ou diria que não importa o que a pessoa pensa porque você gostou?

Você provavelmente diria que não importa o que ela acha e que ela não pode mandar em você. Então, por que você não faz o mesmo com seus impulsos?

Algo dentro de você diz que você precisa comer os biscoitos. Algo diz que você precisa brigar com uma pessoa porque ela discordou de você. Algo diz que você precisa ficar chateado(a) com uma pessoa porque ela fez algo que você não gostou.

Nós não gostamos quando outras pessoas resolvem mandar em nós ou decidir por nós, mas nos submetemos aos nossos impulsos e eles não são diferentes dessas pessoas.

O que Marco Aurélio sugere é ver o mundo com a maturidade de alguém que já viveu o suficiente para não se deixar levar pelas novidades e desejos. Uma vez que fazemos isso, não reclamamos mais das nossas ações porque agora elas são ponderadas — não mais reações — e não tememos as possibilidades ruins porque escolhemos com sabedoria.

Nós estamos no controle e podemos mandar os impulsos calarem a boca.

@estoicismo | texto por Sabrina Andrade Aberto / Como