2022-02-22 15:01:43
#53 — Algumas coisas não devem ser ditas
"Cato praticou o tipo de discurso público capaz de mover as massas, acreditando que a filosofia política apropriada cuida como em qualquer grande cidade para manter o elemento guerreiro. Mas ele nunca foi visto praticando na frente dos outros, e ninguém jamais o ouviu ensaiar um discurso.
Quando lhe disseram que as pessoas o culpavam por seu silêncio, ele respondeu: 'Melhor que eles não culpem minha vida. Eu começo a falar somente quando estou certo de que o que vou dizer não é melhor não ser dito.'"
— Plutarco
Cato, senador romano, soldado, aristocrata, estóico e o inimigo mortal de Júlio César — e pouco conhecido no mundo atual. Cato acreditava, assim como todos os estóicos, que a filosofia deve ser vivida e não escrita, mas ele compreendia que também é preciso parar.
Agir é simples, não requer pensamento, apenas uma sequência de movimentos. A dificuldade reside em saber os momentos em que é preciso atrasar a ação com o intuito de refletir.
"Eu preciso disso agora? Não, tenho certeza de que não preciso" ao invés de adquirir algo porque insistiram para que você comprasse. "Eu devo fazer isso agora? Não, acredito que não é o melhor momento" ao invés de tomar uma decisão financeira porque, segundo o gerente do banco, é uma excelente escolha. "Eu deveria fazer isso com minha vida? Não, não acho que seja para mim" ao invés de ceder à pressão social para fazer algo que não deseja.
Ao entrar no ramo político, todos esperavam grandes coisas de Cato e ele sabia da existência dessa pressão (algo que muitos podemos nos relacionar), mas resistiu. Ele esperou, ponderou e se preparou.
Ele passou a si mesmo por um filtro, analisou se suas reações eram baseadas em emoções egoístas, ignorantes ou prematuras. E então ele quebrou o silêncio porque, neste momento, achou que tinha algo que deveria ser dito.
@estoicismo | texto por Sabrina Andrade
136 views12:01