2022-06-07 00:31:06
Colômbia: "Um governo de transição", avalia esquerda sobre possível presidência de Petrohttps://www.brasildefato.com.br/2022/06/06/um-governo-de-transicao-avalia-esquerda-sobre-possivel-presidencia-de-petro-na-colombia
Pacto Histórico reúne campo progressista e pode fazer história se vencer 2º turno no dia 19 de junho
O Pacto Histórico, chapa pela qual Gustavo Petro e Francia Márquez concorrem à presidência e vice-presidência da Colômbia, representa uma das alianças mais amplas que disputam as eleições no país. Formalmente a coalizão é composta por seis organizações: Colômbia Humana, União Patriótica, Partido Comunista, Polo Democrático Alternativo, Aliança Democrática Ampla e Movimento Alternativo Indígena e Social, mas, na prática, outros setores de esquerda e até partidos de centro-direita apoiam a chapa.
Com a maior bancada no Congresso e 40% da preferência no 1º turno das eleições presidenciais, o Pacto pode ser a primeira aliança progressista a assumir o governo da Colômbia – um país marcado por 57 anos de conflito armado e governos dos partidos Liberal, Conservador ou do campo do uribismo – corrente política liderada pelo ex-presidente Álvaro Uribe Vélez (2002 - 2010), fundador do partido governante, Centro Democrático, e considerado mentor do atual mandatário, Iván Duque.
"Na Colômbia se erigiu um sistema político de elites que tomaram conta dos territórios e suas riquezas, por isso hoje ostentam um poder político, econômico e militar que não querem perder. Para eles é uma ameaça que o Pacto Histórico possa assumir o governo", afirma Jimmy Moreno, membro da direção nacional do Congreso de los Pueblos, movimento que apoia a candidatura, mas não faz parte da coalizão.
Esta é a terceira vez que Gustavo Petro concorre à presidência. Os votos do dia 29 de maio, 8,5 milhões segundo resultados preliminares, foram o dobro do resultado obtido no 1º turno em 2018 e oito vezes mais que a votação que lhe conferiu a vitória para a prefeitura de Bogotá, em 2011.
"Nossa fortaleza é ter alcançado a unidade da esquerda. No entanto ainda não conseguimos canalizar todo o potencial de mobilização para as urnas", comenta o membro da direção nacional da Marcha Patriótica, Mauricio Ramos.
Petro é natural de Ciénaga de Oro, departamento de Córdoba. Economista de 62 anos, foi militante do grupo guerrilheiro Movimento 19 de Abril (M-19) na sua juventude e tinha o codinome de "Comandante Aureliano".
Ele foi um dos responsáveis pela transição da guerrilha urbana no partido Aliança Democrática M-19, pelo qual foi constituinte em 1991 e deputado até 2006. Em 2011 foi eleito prefeito de Bogotá (2012-2015) com o partido Polo Democrático Alternativo, e desde 2018 atua como senador já pela nova legenda, da qual também foi fundador, Colômbia Humana.
Já Francia Márquez tem 40 anos, nasceu em Yolombó, Antioquia, mas vivia na comunidade de La Toma, em Cauca, onde iniciou sua vida política em manifestações contra a retirada forçada da comunidade para liberar a área para extração mineral.
Tornou-se advogada para representar sua comunidade. Em 2018 ganhou o Goldman Environmental Prize pelo seu papel como defensora do meio ambiente. Até iniciar a campanha para a presidência também atuava no Conselho Nacional pela Paz.
Para os movimentos e organizações de esquerda que compõem a aliança eleitoral, a dupla representa um momento de ruptura para a política do país, que se expressou na escalada de mobilizações nos últimos quatro anos, sendo o ápice a maior greve geral da história da Colômbia, iniciada em abril do ano passado.
"A mudança não virá por decreto. Petro e Francia farão um governo de transição. Acreditamos que o que eles podem fazer é criar as condições para que nos tornemos um país onde as diferenças sejam resolvidas através do diálogo e do respeito", diz Mauricio Ramos, dirigente da Marcha Patriótica.
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