2022-06-03 22:31:02
A ditadura que tentou matar o futurohttps://blogdaboitempo.com.br/2020/04/30/a-ditadura-que-tentou-matar-o-futuro/
As forças golpistas tentam, novamente, entrar em cena
Após 56 anos do golpe-burgo militar de 1964, setores do comércio varejista, militares da reserva, militares de alta patente confinados ao aparato de Estado, segmentos da pequena burguesia (classe média) racistas e neofascistas, hordas neopentencostais, agrupamentos instalados nos aparatos de repressão dos estados (PM), estratos da segurança privada, setores da Polícia Federal, e profissionais da pequena política nos diversos níveis do parlamento, sinalizam, nas mídias de contágio, e em aparições públicas, o desejo que o atual presidente, o agitador fascista Jair Bolsonaro, rompa as balizas institucionais da democracia formal, já fraturada, e dê um golpe de Estado.
A crise condensada que abala a República – sem características de ruptura revolucionária -, para além das disputas entre as frações da burguesia por um espaço maior no bloco no poder e da presença constante da extrema direita, ainda contempla uma articulação política que unifica aqueles segmentos que podemos qualificar como base social do Bolsonaro: a pequena burguesia (classe média) não vinculada ao serviço público e a burguesia industrial/comercial que não precisam do consumo de massas, nem do dólar barato.
O perfil bonapartista, e a prática política do militar-presidente, tem colocado em movimento um golpe de Estado que já se apresenta em diversas ações, contudo, ainda não teve um desfecho institucional. Essa concretização do ato de ruptura institucional, ainda não se estabeleceu em virtude da célere alteração na relação de forças entre os golpistas por um lado e, por outro, pelo avanço das forças de esquerda e das organizações da classe trabalhadora na conjuntura em disputa diante da pandemia do coronavírus.
A luta de classes entrou no campo do imprevisível. O enfrentamento dos operadores da política do campo socialista, ao lado da inicial movimentação das organizações das classes trabalhadoras, tem construído uma cena política que tende a ser desvelada. Neste cenário abrupto, precisamos aprender com as lições da história e combater o que a extrema direita quer “reviver” ao saudar o golpe de 1964 e sua ditadura.
A ditadura burgo-militar, que o complexo ideológico da extrema-direita reivindica, efetivou uma operação que tentou matar o futuro. As organizações da esquerda brasileira que optaram por resistir à ditadura, com armas em punho, foram destroçadas covardemente pelo aparato da repressão do Estado ditatorial. Destruíram a ALN, PCBR, VPR, Colina, VAR-Palmares, REDE, MRT, MR-8, POC, AP, Molipo, PORT, etc; assassinaram Carlos Marighella, Câmara Ferreira, Mário Alves, Capitão Carlos Lamarca, Eduardo Collen Leite (Bacuri), Sargento Onofre Pinto, Luiz Eduardo Merlino, Maurício Grabois, Pedro Pomar, a revolucionária juventude que lutou pelo futuro na guerrilha do Araguaia, militantes internacionalistas e centenas de homens e mulheres que deram suas vidas em defesa da liberdade e da Revolução Brasileira. Contudo, a violência policial-militar da ditadura operava a serviço da burguesia e do seu projeto de dominação que estava orientado para destroçar o PCB, que ainda era a força hegemônica na esquerda brasileira, antes de qualquer projeto de sustentação e da chamada “abertura política”.
Nessa conjuntura política precisamos aprender com a história para que as trevas do obscurantismo não se apresentem com possibilidade de vitória novamente. Por isso, analisar como essa repressão se abateu sobre o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o mais longevo operador político da classe trabalhadora brasileira, é uma das lições que nos apresenta a história para impedirmos que o futuro seja novamente colocado em risco.
O PCB sempre foi atacado com extrema violência durante o século XX, mas, nada se compara ao massacre organizado pelas forças militares e policiais da burguesia durante a ditadura de 1964-1985.
37 views19:31