2023-01-11 16:25:04
O medo é incompatível com o desenvolvimento de uma pessoa. Assim como poder se confunde diretamente com o exercício de funções sociais, da mesma forma funciona a personalidade. Ou seja, ou o sujeito avança ou é irrompido pela inércia e pelo fracasso.
Tanto na vida, na alma e na trajetória da pessoa, tudo se reduz a uma só pergunta: se a pessoa está num ciclo virtuoso, onde avança essas casas; ou se ela está num ciclo vicioso, embargada em todos os seus defeitos, imoralidades e intimidações, onde o sintoma do medo apenas deixa claro que ela foi (por justiça) destituída das suas habilidades mais fundamentais de prosseguir.
Isso também se confunde em vários momentos com a sabedoria bíblica, que alerta para o sujeito que encontra-se imotivadamente agindo com timidez. É que, por hesitar a desprezar o mundo, essa mesma pessoa acaba determinando seu desvalor, procurando falsas respostas mundanas onde cede automaticamente sua autoridade para alguém ligado às coisas baixas e divisíveis. Não há outra resposta para essa procure senão que o sujeito conclua o quanto ele é incapaz, burro e fracassado, concluindo daí que, diante de nenhuma via alta e real que o tire dessa miséria, precisa se apegar necessariamente a uma idolatria alheia. O resultado é um mercado de coaches, cursos inúteis e desconexos com sua trajetória e, logo, mais problemas.
Contudo, é justamente essa psicose irreal que já não mais contempla o movimento virtuoso ou vicioso que acaba por levá-lo a abdicar da própria vida, dos próprios esforços e da própria função na qual foi criado. A própria queda do pecado original também é um recuo humano, enquanto a redenção é um chamado à expansividade alegre, humilde e com vistas à realidade - e também renúncia aos delírios de grandeza.
A redenção de todas as coisas pela cruz de Jesus Cristo é o retorno ao “status quo” humano, onde se vive pela dureza da obtenção da glória de Deus. Não há avanço humano sem dificuldades. Não há “sonho estável” onde falsas estabilidades mundanas o salvam. Não há “carreira” diante do apego ao sonho burguês. Por fim, não há avanço humano onde se condiciona a função de poder e de ser individuais a uma mera carreira e ao conforto de poder estar acima da própria verdade, isentando-a dos atos demandados por ela.
Logo, diante de funções ainda relevantes, será determinante que a pessoa esteja preparada para ser constantemente um leão, e não mais um cordeiro pronto a ser abatido. Mas, o mesmo pode acontecer na vida mais íntima e comum, também amedrontada e intimidade pelos mesmos medos sociais.
Ora, o Cordeiro Definitivo que redime a humanidade já foi abatido, e só d’Ele provém a fonte de avanço na própria vida de maneira verdadeira e fora dos velhos sistemas mundanos, que propõem a mentira e o desajuste da psique. A graça se confunde a esse avanço, e a presença do medo nada mais é do que uma educação onde os mais simplórios joelhos diante do Sacrário e as suplicas diante do Santo Rosário podem tanto eliminar tal irracionalidade - que consiste somente em oprimir a pessoa e condicioná-la ao vazio existencial - como ainda de ceder à ela a justa personalidade forte que sempre lhe faltará.
Sejam fortes, tenham fé, aguentem, confiem. Livrem-se do pensamento burro de que sua própria liberdade está condicionada a uma canetada de um ditador que avança pela inteligência do mal. Essa mesma liberdade sempre esteve condicionada à sua escolha de seguir sozinho, encolhido e submetido ao sistemas de mundanidade, ou se moldando aproximado de Deus, fonte absoluta para o encontro com o próprio ser e com a via unitiva individual.
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