2022-01-14 15:20:12
Estudo indica que andar de skate após os 40 anos pode ajudar na depressãoReportagem: Paulo Anshowinhas
Paulo Anshowinhas é skatista pioneiro, jornalista, radialista e comunicador. Foi juiz do Mundial de skate da Alemanha, chefe da delegação no Mundial do Canadá, comentarista do X Games e fundador da revista Yeah! Skate is my life.
Nos Jogos Olímpicos do ano passado em Tóquio, além das crianças prodígio de 13 anos como Rayssa Leal, a britânica Sky Brown e a japonesa Momiji Nishya que brilharam nos pódios, outros personagens do skate também se destacaram por outras razões.
É o caso do dinamarquês Rune Glifberg, 47 anos, skatista veterano de maior idade nos Jogos, e do sul-africano Dallas Oberholzer, 46 anos, que, com sua barba grisalha, chamou a atenção do mundo e ainda foi chamado carinhosamente de "vovô do skate". Eram polos opostos de um mesmo esporte,
"Sabe o que é o mais legal? É que finalmente minha mãe reconheceu o valor de tudo que eu fiz em minha vida", desabafou na época o skatista sul-africano para o jornal americano New York Post, ao comentar emocionado e orgulhoso que não foi aos Jogos para vencer, mas para representar a África.
A boa notícia é que o caso de Dallas não é um fenômeno isolado, e que andar de skate na meia-idade, entre 40 e 60 anos, pode, efetivamente, colaborar no combate à depressão e a outros distúrbios psicológicos. Isso é o que indica uma pesquisa recente da Universidade de Exeter, na Inglaterra, conduzida pelo Dr. Paul O'Connor, intitulada Identity and Wellbeing in Older Skateboarders (Identidade e Bem Estar Entre Skatistas Mais Velhos, em tradução literal)
O estudo acadêmico publicado no final do ano passado como um capítulo do livro Lifestyle Sports and Identities (Estilo de Vida Esportivo e Identidades, em tradução livre) apresenta o resultado de uma pesquisa realizada com 30 pessoas de meia-idade que andavam de skate dos Estados Unidos e Canadá, além de observação da cena ao vivo em Hong Kong e Reino Unido.
Em suas conversas com esses skatistas entusiastas de cabelos grisalhos e sorriso no rosto, o Dr. O'Connor, que também anda de skate e utilizou essa característica como parte da pesquisa, descobriu que a modalidade aliviava sintomas de depressão e outros problemas psicológicos, além de ajudar a se reconectar com a família, os filhos e até reduzir ou eliminar outros vícios.
O skate para o Dr. O'Connor é considerado como um "Estilo de Vida Esportivo", termo guarda-chuva para se referir a uma série de atividades que não têm uniforme, regras ou tempo específico para praticar se comparado com modalidades tradicionais como futebol ou rugby.
"Futebol pode ser entendido tipicamente como competitivo, sendo que o objetivo é vencer o placar com gols e não conceder a vitória para o time adversário", comentou o Dr. O'Connor para o diário inglês Daily Mail.
Já no caso do skate, pessoas mais idosas que praticam o esporte dizem que isso tem um "significado espiritual" em suas vidas e as motiva em seu bem-estar e felicidade.
Para essas pessoas, os benefícios físicos são apenas um subproduto.
Outra questão relevante levantada pelo estudioso diz respeito ao preconceito de gênero, uma vez que enquanto skatistas mais idosos do sexo masculino podem ser encarados como uma "piada" para alguns, ou visto como "homens em crise da meia idade" enquanto buscam por sua juventude. Por outro lado, a visão social sobre as mulheres andarem de skate depois de mais velhas é positiva, por celebrar sua inclusão no esporte e enfrentar os seus medos.
@avidacomecaaos40
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