2022-05-17 03:11:19
Visão do GA
COGNA TEM LONGO CAMINHO PELA FRENTE, MAS ESTÁ NA DIREÇÃO CERTA
A Cogna (COGN3) divulgou na noite do dia 12/05, os seus resultados do 1T22, com uma pequena recuperação, mas que apontam um
longo caminho pela frente. Como comentei nos resultados da Yduqs (YDUQ3), o setor educacional sofreu muito durante a crise causada pelo COVID-19, porém a Cogna sofreu mais do que a média e foi pega numa
tempestade perfeita: crise econômica, dívida alta e escolhas duvidosas da gestão.
Com um plano
ambicioso (alguns diriam megalomaníaco) de ser o maior grupo de educação do mundo e
estar presente em todo o setor, a Cogna vinha de recentes aquisições relevantes, ainda sem sinergia com o business principal (Kroton), e entrou em 2020 com uma dívida pesada de quase R$ 8 bilhões, sendo aproximadamente 3x EBITDA de 2019 - para efeito de comparação, a YDUQs entrou em 2020 com alavancagem zero. Desde então, a
crise impactou fortemente as vendas, as sinergias esperadas das aquisições não vieram e para piorar entramos num ciclo de alta de taxa de juros, que tem impacto empresas alavancada. A Cogna em 2018 (Ex-Somos) dava um lucro anual de R$ 1,5 bilhão, e no ano de 2020 o prejuízo foi de R$ 210 milhões. Este é o cenário da Cogna, e vamos analisar o que a empresa tem feito para se recuperar.
Após muitas reestruturações ao longo de 2020 e 2021, hoje a Cogna possuí basicamente três vertentes de negócios que restaram na empresa:
KROTON (59% da Receita Líquida) - A receita atingiu R$ 701 milhões, com queda de 11,9%, mesmo com aumento de 7,5% na base de alunos, que atingiu 1.088 milhões. Apesar da queda no faturamento, a empresa teve uma desaceleração no ritmo de queda, o que aponta que talvez o pior já passou. Além disso, uma melhora nas despesas e custos em relação a receita, devido a diversas ações de eficiência, aumentaram a margem EBITDA em 3,9p.p, chegando a 37,9%;
VASTA (32% da Receita Líquida) - A receita atingiu R$ 380 milhões, com alta de 35,5%, com uma boa adição de novas escolas (+766), passando de 1,5 milhões de alunos. Na vasta também foram aplicadas medidas de eficiência que buscaram melhoras as margens, e já tem surtido efeito. Algo que chama atenção é o aumento do PDD, e o investidores deve observar a evolução do número nos próximos trimestres.
SABER (8,5% da Receita Líquida) - A receita atingiu R$ 100 milhões, o que representa uma queda de 1,5% em relação ao 1T21, apesar do crescimento em +18% na base de alunos. O EBITDA recorrente também decepcionou, com queda de 26%, que segundo a empresa se deu por conta de um efeito sazonal nas vendas.
O caminho para a recuperação da Cogna é difícil e de médio/longo prazo, mas a empresa tem tomado as
ações necessárias para acertar a casa. A venda de parte da operação da Saber permitiu a empresa focar mais em suas prioridades e onde realmente consegue gerar valor. A companhia vem também desalavancando, a medida que os resultados melhoram e os desinvestimentos começam a fazer um efeito positivo na geração de caixa que atingiu R$ 178 milhões, frente a R$ 61 milhões do 1T21.
Em nossa visão os resultados
ainda não estão positivos, mas a melhora na parte operacional já é perceptível e o pior momento deve ter ficado para trás. A Kroton voltou a captar alunos, atingindo novamente a marca de
1 milhão de alunos em sua base, e diferente do passado, o FIES não apresenta mais um risco à tese da empresa. A
Vasta vem crescendo bem, porém os
resultados da Saber tem pesado um pouco no resultado consolidado da Cogna, e é preciso acertar as três operações para que a holding tenha esperanças de voltar a ter lucros bilionários no futuro.
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Kaio Silva - Especialista do GA
t.me/gainvest
269 viewsKaio Costa silva, 00:11