2021-10-09 06:22:50
O papel da metacogniçãoEstes dados não surpreendem o psicólogo Jesús Matos, professor do Instituto Superior de Estudos Psicológicos (Isep) e diretor da clínica En Equilibrio Mental de Madrid (Espanha).
"O paciente com ansiedade generalizada é alguém que não começa a se preocupar de repente, mas é alguém que pensa assim durante toda a vida", explica ele em entrevista à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC. "Mas é uma pessoa que consegue funcionar bem, até que aconteça algo, um evento, que faz tudo desmoronar. E com a pandemia tivemos um grande evento desencadeador."
O elemento-chave da terapia metacognitiva não é focar em um pensamento específico que nos desequilibra, mas na maneira como o pensamos.
"Nos últimos anos, os psicólogos perceberam que não é tão importante o que as pessoas pensam, mas como elas pensam. Não é tão importante que eu ache que sou desajeitado ou que vou ter um ataque de ansiedade (cognição simples ou pensamento), mas sim o estilo de raciocínio que leva a essa reflexão", explica Ramos Cejudo, autor do livro Terapia Cognitiva junto com seu sócio José Martín Salguero Noguera.
"Uma metacognição é uma avaliação que fazemos sobre ter esses pensamentos", diz ele.
Ele dá alguns exemplos desse tipo de pensamento: "Posso me preocupar porque tenho uma prova, é uma cognição simples. Mas posso acabar me preocupando que sempre fico assim com qualquer prova, e que, se eu continuar me preocupando desse jeito, vou acabar ficando doente. Tudo isso são metacognições."
E qual é o problema dessas metacognições?
"[O problema é] que geralmente esse conteúdo desencadeia a resposta de ansiedade e a percepção de falta de controle a longo prazo. Sei o quanto me preocupo muito, mas também com o que não consigo controlar, tenho uma cognição sobre outra cognição que aumenta a ansiedade."
"Foi o professor Adrian Wells da Universidade de Manchester quem desenvolveu essa teoria nos anos 1990", diz Jesús Matos.
Tradicionalmente, os transtornos de ansiedade (fobias, pânico, transtornos obsessivos, etc.) têm sido tratados "com grande sucesso, cerca de 70%-80% com terapia cognitivo-comportamental", explica.
Mas no caso do transtorno de ansiedade generalizada — aquele em que o indivíduo se preocupa excessivamente com problemas comuns e cotidianos, como saúde, dinheiro, trabalho e família, quase diariamente por pelo menos seis meses, conforme definido pela Library National Medicine dos EUA —, "essa eficácia cai até 50% e há um problema de recaídas".
"A terapia metacognitiva aumenta a eficácia para cerca de 80% e consegue isso com poucas sessões, de 8 a 12, de acordo com os estudos", afirma o professor do Isep.
@EspeculandoOsFatosMinutosdaMente
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