2022-06-24 12:38:06
DEVOCIONAL DIÁRIO JOÃO CALVINO
23 DE JUNHO
Sem espaço para vanglória
Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. ROMANOS 3:27
Ao nos examinarmos — a procura que a verdade divina ordena e cujo conhecimento ela demanda — somos privados de todos os meios de vanglória e assim inclinados à submissão. Esse é o curso que devemos seguir se desejamos alcançar o verdadeiro objetivo, tanto em especulação quanto em prática.
Saber o quanto mais plausível é a visão que nos convida a ponderar sobre nossas boas qualidades em lugar de contemplar o que nos oprime com vergonha — nossa miserável destituição e ignomínia. Não há nada mais aceitável para a mente humana do que a lisonja e, consequentemente, quando lhe é dito que seus dotes são de elevada ordem, é capaz de ser excessivamente crédula. Logo não é insólito que a maior parte da humanidade tenha errado tão flagrante e nocivamente nessa questão. Por responsabilidade do amor próprio inato pelo qual todos são cegados, nós muito voluntariamente nos convencemos de que não possuímos uma única qualidade que seja merecedora de ódio e, portanto, independentemente de qualquer aprovação exterior, é concedido mérito generalizado à ideia tão insensata de que o homem é perfeitamente suficiente em si mesmo para todos os propósitos de uma vida boa e feliz.
Se uma pessoa se dispõe a pensar mais modestamente e de certa forma ceder a Deus, ainda assim, ao fazer a divisão, ela distribui as questões de modo que o fundamento principal de confiança e vanglória sempre permanece com ela mesma. Então, se um discurso é proferido bajulando o orgulho que pulula espontaneamente no mais íntimo do coração do homem, nada parece mais satisfatório. Por conseguinte, em todas as eras, aquele que é mais disposto a louvar a excelência da natureza humana é recebido com os mais altos aplausos.
Mas, seja o que for essa proclamação da excelência humana, ao ensinar o homem a descansar em si mesmo, nada faz além de fascinar por sua doçura e, ao mesmo tempo, assim ilude como se afogando em perdição todos os que a aprovam. Qualquer um, portanto, que dá atenção a esses mestres, que meramente nos recrutam para contemplarmos nossas boas qualidades, ao contrário de progredir em algum autoconhecimento, será imerso na mais nefasta e destrutiva ignorância.
5 viewsTHIAGO DA SILVA VIEIRA, 09:38