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O que significou o fim da URSS para a estratégia dos revolucio | Rondó da Liberdade

O que significou o fim da URSS para a estratégia dos revolucionarios?

O fim da URSS e das demais experiências de transição socialista do leste europeu alterou a correlação de forças nos planos militar, político, econômico e ideológico, inaugurando um período de defensiva estratégica para a classe trabalhadora em todo o mundo, ao longo da década de 90.

A URSS e os países do leste europeu representavam uma decisiva retaguarda estratégica, nítida em episódios como a “Crise dos Mísseis”, em outubro de 1962, e no apoio econômico e militar tanto aos processos de libertação nacional na África e Ásia, quanto à Revolução Sandinista, a partir de 1979.

A correlação de forças internacional desfavorável implicou na diminuição do ritmo de luta dos revolucionários em cada país, e na necessidade de construção de alianças com outros blocos que também enfrentassem a potência hegemônica. Soma-se a isso o impacto da reestruturação produtiva e o consequente enfraquecimento das organizações sindicais; a ofensiva neoliberal na década de 1980/1990, com a retirada de direitos e desmonte do estado de bem-estar social, bem como do que restava do “desenvolvimentismo” na América Latina.

O fim da URSS, somado a esse conjunto de fatores, produziu um enorme impacto na maioria das organizações de esquerda, especialmente no terreno ideológico. Tais impactos implicaram alterações programáticas na grande maioria das organizações de esquerda.

Em nosso país, esse quadro teve influência decisiva nos destinos da experiência do maior partido de esquerda, o Partido dos Trabalhadores. Na concepção que hegemonizou o PT, a mesma que serviria depois como guia dos principais dirigentes na condução do governo federal, o Estado é entendido como instituição neutra, a burguesia respeitaria ad infinitum as regras do democracia liberal e a esquerda poderia ganhar indefinidamente espaços administrativos.

Não só no PT, mas no conjunto da esquerda brasileira, o quase total abandono de uma estratégia centrada na conquista do poder de Estado se expressou em lacunas determinantes, como a recusa em investir na organização das classes trabalhadoras como força política e a recusa à luta ideológica na sociedade.

Como reverter esse quadro? Forjar um movimento revolucionário desde as precárias condições atuais deve ser o objetivo dos revolucionárias. Evitar as saídas simplistas diante das derrotas se constitui em um desafio. Somente o paciente trabalho organizativo junto ao povo e de formação ideológica possibilitam a persistência necessária em conjunturas adversas.

Diante de uma crise que nos abala a todos profundamente, o decisivo é preservar e resgatar a construção de uma estratégia de conquista do poder, presente em todas as experiências revolucionárias de transição ao socialismo. É em torno dela que um processo de reorganização das representações políticas do proletariado e das classes populares pode cumprir seu objetivo histórico. [texto retirado e adaptado da Cartilha n. 25 da Consulta Popular, 2017]