2021-09-08 16:31:23
COMO A STATE GRID (EMPRESA CHINESA ) SE TORNOU A LÍDER DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Três meses antes do previsto, a holding State Grid inaugura neste mês( ANO 2019) a maior linha de alta tensão do mundo.
A história da chinesa State Grid Brazil Holding (SGBH) em terras brasileiras é feita de superlativos. Fundada em Pequim, em 2002, a companhia chegou aqui em 2010. De lá para cá, transformou-se não apenas na empresa que mais investe no setor elétrico (R$ 6 bilhões em 2018) como também na maior distribuidora de energia do país. Agora, a SGBH caminha rumo a mais um de seus feitos hiperbólicos. Em agosto, três meses antes do previsto, inaugura a maior linha de transmissão de ultra-alta tensão do mundo, de 800 quilovolts (kV). Localizada no complexo de Belo Monte, tem 2.539 quilômetros de extensão. Vai de Anapu, no Pará, a Paracambi, no Rio de Janeiro. Construída ao custo de R$ 8,7 bilhões pela Xingu Rio Transmissora de Energia (XRTE), uma das concessionárias da SGBH, atravessa cinco estados e 81 cidades, beneficiando 20 milhões de pessoas.
O linhão Xingu-Rio ilustra à perfeição a disposição da holding chinesa em investir no Brasil. Nem bem a obra foi inaugurada e Cai Hongxian, 55 anos, chairman da State Grid no Brasil, já pensa na participação da empresa em novos leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para este ano, os aportes devem chegar a R$ 1 bilhão. Além disso, Chang Zhongjiao, 56 anos, presidente da SGBH, revela que a companhia tem interesse também em desenvolver por aqui projetos greenfield (aqueles que estão ainda em fase de planejamento). No ano passado, conta o executivo, a SGBH investiu R$ 6 bilhões na conclusão da segunda linha de transmissão da hidrelétrica de Belo Monte, a Xingu-Rio. A obra utiliza o sistema UHDVC 800 kV, a mesma tecnologia implementada um ano antes, de forma inédita no Brasil e na América Latina, na primeira linha de transmissão, a Xingu-Estreito, entre Pará e São Paulo.
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Concebida e já consolidada na China, a tecnologia apresenta grande capacidade de carga (4 mil MW) e baixa perda de energia, e é facilmente adaptável a grandes extensões, como o território brasileiro. “O corredor utilizado para a transmissão dessas linhas é mais estreito, com menos prejuízo ao meio ambiente”, explica Chang. Além disso, graças a esse sistema, a transmissão ocorre por corrente contínua — e não alternada. Uma segurança para a rede elétrica brasileira, já que reduz o risco de apagões e falhas no sistema. Por meio da Belo Monte Transmissora de Energia, um consórcio entre State Grid e Eletrobras, o linhão Xingu-Estreito, com 2.076 quilômetros, foi entregue em dezembro de 2017, com dois meses de antecedência.
Atualmente, a State Grid está em 14 estados, conta com 23 concessionárias e dispõe de 11.169 quilômetros em linhas de transmissão. “A performance [da empresa] foi muito positiva”, avalia o executivo Chang. “Conseguimos adaptar nossa experiência na China ao sistema elétrico brasileiro.” Mas não foi simples. O mais difícil, lembra o chairman Cai, responsável por liderar o processo de implantação da holding, foi começar. “Como o setor elétrico chinês é completamente diferente do brasileiro, eu tinha muitas dúvidas se conseguiríamos desenvolver aqui projetos, investimentos e parcerias tão bem como lá”, conta ele. E o desafio de combinar duas culturas de negócios e formas de trabalho tão distintas, como são a chinesa e a brasileira, acabou virando o diferencial da SGBH.
Embora nem Cai nem Chang admitam, a celeridade com a qual as obras das linhas Xingu-Rio e Xingu-Estreito foram tocadas deixa evidente que o método chinês prevaleceu sobre o brasileiro. “Quando uma missão é dada na China, o esforço é total para que ela seja cumprida. Não nos desviamos desse foco”, explica o chairman.
124 viewsVinicius, 13:31