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Estudo para o tempo Até aqui, falamos muito sobre lugares, | Olhar em movimento - Olimpíada de Língua Portuguesa

Estudo para o tempo

Até aqui, falamos muito sobre lugares, tema da Olimpíada de Língua Portuguesa. Para comemorar o fim dos trabalhos, nesta última pílula faremos diferente: vamos pedir espaço para falar de tempo.

Dizia um cineasta soviético que a vocação do cinema enquanto arte é dedicar-se ao tempo, "registrado em suas formas e manifestações reais". Pois há documentários que encontram sua força no respeito ao ritmo dos seres e à duração dos acontecimentos.

A primeira imagem de Estudo para o vento diz muito. O plano é longo. O homem que caminha, logo após o que passou de bicicleta, tem todo o trecho de rua para atravessar; só depois disso é que a montagem corta para outro plano. Tudo se demora. As pessoas, os bichos, as casas, os objetos, todos esperam a chegada do vento, que só aparece no fim de tarde.

Para dar voz ao tempo, filmes assim fogem com frequência do ritmo das cidades grandes. Suas estruturas estão organizadas segundo ciclos naturais. Eles parecem seguir a sabedoria de João Virgílio, personagem de Cabra marcado para morrer, filme de Eduardo Coutinho, que diz numa passagem famosa: "não tem melhor do que um dia atrás do outro e uma noite no meio". Estudo para o vento começa de dia e termina de noite, com uma ventania no intervalo.

Essa viração que aparece e afeta a paisagem nos faz pensar que vento e tempo, apesar de invisíveis, provocam manifestações sensíveis e evidentes. A propósito: vento e tempo, duas palavras meio parecidas, com propriedades intercambiáveis... Como nas expressões "o vento da História" ou "o tempo voa".

E voou. Como assunto novo, você pode ter achado bastante desafiador trabalhar com Documentário. Nós compreendemos. Mas acreditamos também que, no meio da ventania, existe alguma coisa acontecendo. Algo invisível, que talvez você nem se dê conta agora.

Com certeza, na próxima Olimpíada, algo terá mudado e tomado forma. Seu olhar e sensibilidade estarão mudados. Você estará mais experiente.

O vento – ou o tempo – nos levará. Até lá!

Assista a outros exemplos:

Sanã, de Marcos Pimentel (2013, 18 min, MG, Brasil).

Tempo da flor, de Tiago Carvalho (2011, 24 min, RJ, Brasil).

Em busca da terra sem males, de Anna Azevedo (2017, 15 min, RJ, Brasil).

Para aprofundar-se no gênero Documentário, (re)veja o Caderno Docente Olhar em movimento: cenas de tantos lugares, produzido pela Olimpíada de Língua Portuguesa.

Saiba mais sobre a 7ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa.