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Esporadicamente aparecem notícias e comentários sobre um trata | Canal ARTE DA GUERRA

Esporadicamente aparecem notícias e comentários sobre um tratado de paz iminente na Ucrânia, essas notícias se esvaem na neblina quando absolutamente nada nada acontece, mas é importante desmistificar esse tipo de narrativa porque ela se repete com frequência, tal como mês passado.

Não vai haver paz na Ucrânia tão cedo porque os atores principais do conflito não estão nem perto de alcançar os seus objetivos estratégicos.

Essas narrativas surgem toda vez em que aparecem notícias sobre "diálogos entre autoridades russas e americanas" que estariam correndo entre portas fechadas com a finalidade de encontrar uma solução para o conflito. Esses diálogos acontecem mesmo. Durante todo conflito, o diálogo diplomático entre as forças opostas é comum.

Não é porque se "revelou" um diálogo que isso significa alguma mudança significativa no campo de batalha. Acreditar na paz iminente é, simplesmente, ignorar os fundamentos geopolíticos do conflito.

A Rússia não vai paralisar a operação militar especial na Ucrânia até que tenha desmilitarizado todo o território ucraniano, bem como removido os elementos extremistas do governo e forças armadas do país.

Dificilmente haveria possibilidade da Rússia aceitar um novo Acordo de Minsk. Eles não querem lidar com o mesmo problema em 10 anos, acordando um cessar-fogo que permitiria que o Exército Ucraniano recobre suas forças, se rearme e seja novamente treinado.

Para evitar que a paz na Ucrânia seja apenas uma pausa para uma nova guerra ucraniana, a Rússia continuará reintegrando os territórios cuja população desejar se reintegrar na Rússia, como feito em Donetsk, Lugansk, Zaporizhia e Kherson, mas ainda mais provável que se construa um Estado-tampão desmilitarizado entre a Rússia e a OTAN, com o objetivo de servir como muralha de proteção contra a hipótese de ataques de artilharia ao território russo.

Como o acesso aos mares quentes é parte da lógica geopolítica desse conflito, também deve ser considerado improvável que o conflito termine antes que a Rússia recupere Odessa, um dos maiores portos do Mar Negro e cidade construída por Catarina a Grande. Não faria sentido para a Rússia permitir que qualquer "Ucrânia" remanescente preservasse acesso ao Mar Negro. Até porque a falta de acesso ao mar dificultaria que o Estado-tampão violasse o tratado de paz.

Por isso mesmo, inclusive, é intenção russa garantir um corredor logístico-comercial sérvio-húngaro para o Mar Negro, dando fim ao estrangulamento desses países pelo Ocidente, que os força a sempre assumir uma postura de duplicidade ou mesmo submissão aos ditados de Bruxelas e Washington. Países sem saída para o mar têm sua economia facilmente destruída caso os vizinhos combinem um bloqueio econômico.

Ampliando a questão, esse conflito não diz respeito apenas à Ucrânia, mas à Europa como um todo. Como geografia é destino, é interesse russo normalizar as suas relações com a Europa e chegar a um novo pacto de segurança euro-russo. Mas isso não está minimamente perto de acontecer, apesar de já haver instabilidades político-econômicas na Europa.

Algo como uma "mudança de postura" por parte da Europa só deve acontecer em alguns anos, talvez após eleições gerais na França e Alemanha, países que costumam ditar os rumos do continente. Não obstante, não é possível prever se esse novo pacto euro-russo significará o fim da OTAN e da UE. É mais provável o fim da OTAN do que da UE, não obstante.