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É projeto dessa sucessão de maldades que visam a transformar o | Bruno Dornelles

É projeto dessa sucessão de maldades que visam a transformar o homem de um mecanismo forte e robusto em uma infantil e delicada figura transformar também o conceito de simplicidade como se fosse uma coisa natureba, descolada e minimalista, como se o próprio conceito de pobreza espiritual estivesse atrelado a um materialismo de hábitos de um ambiente. Daí que os moralistas, demasiadamente preocupados com as punhetas alheias e com o tamanho das saias femininas (talvez por uma obsessão desordenada em joelhos), esqueceram-se dessa disputa. Como sempre, foram entregando o termo aos tipos revolucionários correntes para que criassem uma caricatura daquela que sempre foi parte da beleza cristã, não só na austeridade material mas também de um tremendo radicalismo íntimo de ideais.

Antes da neosimplicidade, onde bastaria você visitar um parque próximo, comprar um sorvete para vê-lo escaldar em seus dedos ou tomar 40 minutos de sol semanal respirando ar puro para ter algum ponto positivo para contar ao seu cardiologista, antes mesmo da grande descoberta do aterramento de pés desnudos no chão - para o desespero absoluto dos engomadinhos -, lá estavam as pessoas que viviam no nosso interior semi-rural do passado, onde as coisas eram pacatas, organizadas, mas também conservavam um apetite pelo “preto no branco”. Isso, claro, até iniciarem alguma novela em TV aberta onde algum casamento eram vivido por um vilão e uma mocinha - não necessariamente sob esta rígida ordem -, e tal proeza artística chegar ao televisor de uma zona rural em busca de consolação artística.

Embora hoje os moderninhos insistam em nos trazer a simplicidade com cara de paredes brancas minimalistas, plantas dentro de casa e sofás quadrados e pequenos - daqueles que nem sequer seus animais de estimação fazem muita questão de subir -, os valores eram pujantes, unânimes e consensuais nesses lugares. Traição era um escândalo, não uma rotina. Desonestidade, era caso de excomunhão da comuna, não “parte dos negócios”. Mendigagem sem incapacidade dos sentidos então, uma vagabundagem digna dos piores escrachos.

Enquanto certas figuras nos forçam hoje uma nova simplicidade como a prática de tomar Vitamina D “in natura” ou apenas plantar abóbora no quintal, nos perguntamos onde fica a mais basilar literalidade nessas horas. É que simplicidade espontânea, no caso da picanha que virou abóbora, deveria ser responder ao sujeito com o grave questionamento se essa mesma leguminosa poderia caber no espaço reservado às ideias do mesmo. Mas, perdemos essa simplicidade para resolver as coisas, e até mesmo para raciocinar reações que não demandariam tantos neurônios para valorizar a verdade assim.

Agora, basta o simples vazio, basta o simples desconstruído. O homem comum fundiu-se no homem normal, a ponto de levantar-se a mentira de que quem quiser não ser comum também terá de não ser tão normal assim. Normal deveria ser simples, e óbvio, e literal, para não acabarmos todos tão comuns assim. É o que o engenheiro do cosmos pensaria, ao menos até os engenheiros da sociedade passarem a nos governar no seu lugar.