2021-10-26 01:36:01
COMO ERA O CASAMENTO EM ISRAEL? Infelizmente, a maioria dos leitores da Bíblia não lembram que a cerimônia de casamento no Brasil difere radicalmente de Israel, especialmente, nos tempos de Jesus. Com isso o entendimento do texto de Mateus 25:1-13 fica prejudicado.
A ordem mesmo naqueles tempos podia variar, mas, em geral:
1) O noivo identificava uma pretendente. Era normal casamentos arranjados com base em parentesco, condições financeiras e virilidade do rapaz. Muitos casamentos eram arranjados desde a tenra idade dos futuros nubentes. Não era incomum que um rei se casasse com uma princesa, para então aumentar seu poder, encampando a herança de outro reino;
2) Se a família aceitasse a pretensão, estabelecia o dote, que tanto podia ser em moeda, como em outros bens móveis e imóveis e celebrava o noivado. Podia também ser serviço para o pai da noiva (Gn 29:18). Não se sabe o que se fazia com o dote, se o casamento não se concretizasse. Geralmente, o dote era pago pela família do noivo ou por ele mesmo, se tivesse condições para tal;
3) Em alguns momentos da história de Israel havia o contrato nupcial (ketubá) que desposava oficialmente a moça. É o que chamamos de noivado e era levado muito a sério. Ela não poderia casar com mais ninguém, se assim quisesse deveria se divorciar;
4) Desse momento em diante o noivo tinha cerca de um ano para construir sua casa (ou um cômodo na casa do pai) e prepará-la para receber a futura esposa. Quem ditava o tempo que durava o noivado até o casamento era o pai do noivo;
5) Era comum o pai da noiva lhe dar um presente, não raro uma parte do próprio dote. Pais generosos davam todo o dote para a filha;
6) Via de regra, o pai da noiva não gastava nada com ela. Todos os custos ficavam com a família do noivo;
7) No dia do casamento a festa não era realizada na casa da moça, mas na casa do rapaz ou, mais frequentemente, na própria casa dos pombinhos, onde todos os convidados se reuniam;
8) O noivo saía com muita pompa para ir buscar a moça no local onde morasse. Os atalaias sobre os muros ficavam alertas para avisar alguém que acompanhasse a noiva e a ela mesma de que o noivo estava chegando. Essa chegada podia acontecer a qualquer hora do dia ou da noite;
9) Um grupo de amigas ficava de prontidão para acompanhar a moça até o local da cerimônia. As da parábola se dividiram entre aquelas que levaram azeite de reserva e as que confiaram que o
noivo não tardaria e não levaram nada. Restaram sem condições de acompanhar o cortejo, nem de ajudar no deslocamento da noiva, muito menos participar da festa. Lembrem que não havia energia;
10) A noiva recebia o noivo banhada e com o cabelo adornado com as joias da família. Ela era coberta com um véu. Durante o trajeto tirava esse véu e o depositava sobre o ombro do noivo, enquanto recitava: “O governo está sobre os seus ombros!”;
11) Até chegar na casa do noivo o cortejo cantava e tocava alegremente;
12) A depender da condição financeira da família os noivos poderiam estabelecer vestes específicas para a festa, que eram emprestadas a cada convidado. Era um modo de burlar os penetras (aqueles que entravam na festa sem serem convidados). Quem fosse achado sem as vestes adequadas era expulso (Mt 22:11-13);
13) Organizado o encontro nupcial, o pai da noiva celebrava a cerimônia. Outra pessoa importante da comunidade poderia fazer a celebração, somente na história recente é que o sacerdote ou o rabino vieram a dirigi-la;
14) As comemorações duravam de sete (Jz 14:12) a quinze dias;
15) O noivo e a noiva se sentavam sob uma chupá, um pequeno dossel, na presença de duas testemunhas válidas conforme a Lei. Ali eles recebiam seus convidados. A festa se resumia a comer e beber fartamente.
Outras curiosidades sobre o casamento em Israel:
1) A água das talhas que Jesus usou para transformar em vinho de excelente qualidade era a que fora utilizada para limpar os pés sujos da caminhada até o casamento, ou seja, água suja! Os convidados dispunham dessa água para poder limpar-se antes de entrar no recinto do
66 views22:36