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A patogênese da DILI pode ser dividida em dois mecanismos: int | APhysio

A patogênese da DILI pode ser dividida em dois mecanismos: intrínseco e idiossincrático. O mecanismo intrínseco é previsível e reprodutível a partir de drogas que são conhecidas por causar lesão hepática de maneira dose-dependente com um curto período de latência. Por exemplo, na toxicidade do paracetamol, o metabolismo do medicamento leva à produção de metabólitos reativos que se acumulam excessivamente (NAPQI, a N-acetil-p-benzo-quinona imina), causando apoptose e necrose dos hepatócitos.
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O mecanismo idiossincrático da DILI é caracterizado por um curso mais imprevisível e não reprodutível. Ocorre em pacientes suscetíveis geralmente independente da dose do fármaco, com um período de latência variável geralmente começando de 7 a 14 dias após a primeira ingestão. A idiossincrasia acontece devido a uma combinação de hospedeiro, droga e fatores ambientais. Os fatores do hospedeiro são idade do paciente, sexo, polimorfismos genéticos, doenças prévias, estado imunológico e metabolismo.
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Os fatores farmacológicos incluem a dose, duração, peso e grau de lipofilicidade. Os fatores ambientais consistem no uso concomitante de álcool, dieta, tabaco e toxinas. Os mecanismos idiossincráticos de DILI podem ser divididos em lesão hepática imunomediada (alérgica) de hipersensibilidade ou mecanismos metabólicos não imunomediados (não alérgicos) de lesão mitocondrial.
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A lesão hepática induzida por chás, geralmente é do tipo hepatocelular, de evolução benigna, mas hepatite fulminante também é descrita. Os metabólitos reativos são geralmente as catequinas (principalmente no chá verde), sendo que a sua forma de extração e preparação favorecem a hepatotoxicidade. Esta praticamente inexiste quando o chá é manipulado de forma tradicional, com água fervente, ao contrário dos produtos industrializados que fornecem o chá nas preparações em cápsulas ou fazem seu preparo com derivados hidroalcóolicos, o que gera produtos bem concentrados, aumentando assim sua dose e consequentemente o seu potencial risco lesivo.
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As hepatites medicamentosas podem ser assintomáticas, manifestando-se tão somente por alterações das enzimas hepáticas ou apresentando-se com espectro clínico variado, muitas vezes como hepatites agudas, de evolução benigna, ou na forma grave, em que seu prognóstico é sombrio. A forma fulminante acomete um percentual elevado dos indivíduos com hepatites agudas medicamentosas que desenvolvem icterícia e, desses, somente 20% sobrevivem com tratamento conservador (ou que tem alguma afecção hepática prévia).
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As hepatites crônicas e a cirrose hepática são manifestações raras, sendo responsáveis por menos de 1% dos casos. O diagnóstico das hepatites medicamentosas é preponderantemente clínico e de difícil comprovação, em virtude da ausência de manifestações clínicas e bioquímicas específicas, sendo necessária a exclusão de outras patologias. A suspensão imediata do agente responsável é ainda a melhor opção terapêutica, devendo-se evitar a sua reintrodução, ou mesmo a administração de substâncias com estruturas químicas semelhantes, em virtude do risco de se desencadear doença hepática grave, às vezes com evolução fatal.
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Dados pré-clínicos e humanos implicam o componente catequina do chá verde como o culpado da hepatotoxicidade. Aproximadamente 10% do extrato de chá verde é composto por catequinas; destes, epigalocatequina-3-galato (EGCG) está presente em maior concentração. Existe grande variabilidade na concentração de extrato de chá verde, EGCG e outros componentes entre os produtos comercializados, o que pode explicar o fato de alguns produtos terem sido implicados na hepatotoxicidade.
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