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Na quinta-feira passada (3), a enfermeira Mara Abreu, morreu d | APhysio

Na quinta-feira passada (3), a enfermeira Mara Abreu, morreu devido as consequências de uma hepatite fulminante devido a ingestão de cápsulas de um chá emagrecedor (o 50 ervas), ela teve complicações decorrentes de um transplante de fígado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, na tentativa de restaurar sua função hepática comprometida. Uma médica gastroenterologista da unidade que atendeu Mara, falou do caso através das redes sociais, e fez um alerta para os riscos de tomar chás emagrecedores após Mara ter sido internada no hospital.
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Mara Abreu tinha 42 anos e trabalhava como enfermeira no Hospital Santa Joana. Em entrevista ao g1, Márcia Cristina, prima de Mara, contou que sua prima foi internada com dores abdominais no último dia 18 no Hospital Santa Joana, onde estava trabalhando. Ela foi diagnosticada com problemas no fígado e seu quadro se agravou rapidamente. No dia 21, Mara foi transferida para o Hospital das Clínicas e passou a figurar na fila de espera por um transplante de fígado. De acordo com a prima, ela não tinha problemas de saúde prévios e não fazia uso de outros medicamentos.
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De acordo com a prima, os médicos do HC começaram a investigar qual poderia ser o remédio por trás do quadro de hepatite medicamentosa. A pedido da equipe médica, os familiares ajudaram na busca e encontraram o chá em cápsulas. "Aí a gente começou a fuçar as coisas dela, e encontramos na gaveta dela esse chá em cápsulas, e levamos para eles. Foi quando eles constataram, pela composição daquelas cápsulas, que tudo ali era prejudicial ao fígado", disse Márcia.
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Nas redes sociais, a médica Liliana Ducatti Lopes, que é cirurgiã do aparelho digestivo e realiza transplantes de fígado, disse que a paciente teve hepatite fulminante após tomar um chá emagrecedor de 50 ervas, incluindo chá verde, carqueja e mata verde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nota nesta sexta-feira (4) para alertar que produtos com a marca "50 Ervas Emagrecedor" estão proibidos no país desde 2020.

Olhando o rótulo desse medicamento já se pode identificar diversas ervas conhecidas por serem hepatotóxicas, por fazerem mal ao fígado. Dentre elas, a mais comum e mais conhecida é o chá verde. É muito bem descrito na literatura, há vários relatos e papers que mostram casos de hepatite fulminante causada por uso de chá verde. Carqueja e mata verde também são ervas conhecidas na literatura médica por serem prejudiciais ao fígado.
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Agora vamos adentrar um pouco na fisiologia e farmacologia por trás desse processo:
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A medicina fitoterápica tem crescido em todo o mundo, sendo estimado que, anualmente, seja responsável por 10 a 20% do movimento comercial do mercado farmacêutico. O aumento da sua popularidade é devido a vários fatores, entre os quais, a crença de que os produtos naturais são isentos de toxicidade (o que não faz o menor sentido científico) e eficazes para o tratamento de novas e antigas doenças que apresentam tratamento convencional insatisfatório. Sua hepatotoxicidade é de difícil comprovação, uma vez que a automedicação é frequente e o paciente em geral não informa o uso destas substâncias a seu médico.
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O risco aumenta com a utilização de compostos que associam várias plantas, com a seleção inadequada da porção atóxica da mesma e por contaminação química ou biológica (microorganismos) do composto. As manifestações clínicas da doença hepática induzida por produtos naturais são semelhantes àquelas produzidas pelos medicamentos tradicionais, variando desde as simples alterações das enzimas hepáticas, até hepatites agudas, crônicas, síndrome de obstrução sinusoidal e mesmo cirrose hepática. Além disto, muitos chás caseiros podem interagir com medicamentos tradicionais, interferindo no seu metabolismo, modificando sua ação terapêutica ou exacerbando seus efeitos hepatotóxicos.