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3 DE JULHO O fruto do conhecimento de Deus João, o precu | Teologia, Patrística e História Eclesiástica ⛪️

3 DE JULHO

O fruto do conhecimento de Deus

João, o precursor de Cristo, dizia: “Eu não sou digno de desatar a correia dos seus sapatos” (Lc. 3, 16), como se houvesse querido dizer: não entendeis que eu o tenho por superior a mim em dignidade, não ao modo com que um homem está acima de outro homem; senão de modo tão excelente que nada sou em comparação com Ele. E isto é manifesto, porque eu “não sou digno de desatar a correia dos seus sapatos”, que é o obséquio [favor] mais simples que se pode oferecer aos homens.
Disto resulta que João havia se aproximado muito do conhecimento de Deus, na medida em que, por consideração da grandeza infinita de Deus, vilipendiava-se [rebaixava-se] totalmente, e dizia não ser nada. Do mesmo modo Abraão, tendo conhecido a Deus, manifestava: “Falarei ao meu Senhor, ainda que eu seja pó e cinza” (Gn. 18, 27). Assim também Jó, havendo visto ao Senhor, disse: “Mas agora os meus próprios olhos te vêem. Por isso acuso-me a mim mesmo, e faço penitência no pó e na cinza” (Jó. 42, 6). Depois que Isaías viu a glória de Deus, exclamou: “Todos os povos na sua presença são como se não existissem” (Is. 40, 17). Por isso diz São Gregório: “Quanto mais perfeitamente conhece o espírito humano os bens celestiais, tanto mais se humilha em si mesmo. E todo homem santo, quanto mais alto se eleva a contemplar a divindade, tanto mais se abisma do que nada que é perante a consideração que tem de si mesmo”.
Segundo São Gregório, pelo calçado, que se faz com peles de animais mortos, se entende a natureza mortal que tomou Cristo. “Pousarei o meu calçado sobre Edom (Sl. 60, 8 [LIX, 10 – Vulgata]). A correia do sapato é a união da divindade com a humanidade, união que nem João nem outra pessoa alguma pode desatar, nem ninguém pode penetrar plenamente, pois faz um Homem-Deus, e um Deus-Homem, e por isso diz: “não sou digno de desatar a correia dos seus sapatos”, que equivale a “explicar o mistério da Encarnação”. Deve entender-se que não fazem isso plena e perfeitamente, porque tanto João como os outros pregadores desatam de algum modo a correia de seu sapato, ainda que de modo imperfeito.

— In Joan., I.

— AQUINO, Sto. Tomás de.
Meditações para o Tempo Comum (depois de Pentecostes).
Ecclesiae Editora, 2020.
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