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1° de Dezembro A necessidade da encarnação para oferecer sati | Teologia, Patrística e História Eclesiástica ⛪️

1° de Dezembro

A necessidade da encarnação para oferecer satisfação suficiente pelo pecado

I. De duas maneiras pode-se dizer suficiente uma satisfação:

De maneira perfeita, porque é condigna, por certa adequação, para compensar a culpa cometida, e assim a satisfação que um simples homem dera pelo pecado não poderia ser suficiente, porque toda a natureza humana estava corrompida pelo pecado, nem o bem de uma pessoa, e mesmo de muitas, podia compensar com equivalência o dano de toda a natureza humana; ademais, o pecado cometido contra Deus é de certo modo infinito por conta da infinita majestade de Deus que foi ofendido, pois a ofensa é tanto mais grave quanto maior é a dignidade do ofendido. Portanto, foi necessário para uma satisfação condigna que o ato de satisfação tivesse eficácia infinita, como é o ato daquele que é Deus e homem.
A satisfação do homem pode ser suficiente de maneira imperfeita, isto é, segundo a aceitação daquele que se consente com ela, ainda que não seja condigna, e deste modo a satisfação de um simples homem é suficiente; posto que o imperfeito pressuponha algo perfeito que o sustente, daí resulta que toda satisfação dada por um simples homem recebe sua eficácia da satisfação de Cristo.

– S. Th., IIIª, q. 1, a. 2, ad. 2.

II. A Encarnação oferece a certeza do perdão do pecado.

Assim como o homem se dispõe à bem-aventurança pelas virtudes, do mesmo modo se afasta dela pelos pecados; o pecado, contrário à virtude, é um impedimento para a bem-aventurança, não só porque introduz uma desordem na alma, enquanto a afasta da ordem para o fim devido; mas também porque ofende a Deus, do qual espera o prêmio da bem-aventurança; e, ademais, tendo o homem conhecimento dessa ofensa, perde pelo pecado a esperança de aproximar-se de Deus, a qual é necessária para conseguir a bem-aventurança.
Portanto, é necessário ao gênero humano, cheio de pecados, que se lhe dê algum remédio contra os pecados; mas esse remédio pode dá-lo somente Deus, o qual não só pode mover a vontade do homem para o bem, para reintegrá-la na ordem devida, senão também pode ser perdoada por aquele contra quem se comete.
Ademais, para o homem livrar-se de uma ofensa pesada é necessário que esteja certo da remissão da ofensa pelo mesmo Deus, certeza que não pode obter se Deus mesmo não lhe certifica disso.
Portanto, foi conveniente e útil ao gênero humano, para conseguir a bem-aventurança que Deus se fizesse homem, para que desse modo conseguisse de Deus o perdão dos pecados e tivesse a certeza desse perdão pelo homem-Deus.

– S. Cont. Gent., I. IV, Cap. 54.

AQUINO, Sto. Tomás de. – Meditações para o Advento e para o Natal.
Ecclesiae Editora, 2018.