2021-08-23 17:16:18
Cypherpunks eram, sobretudo, programadorxs, hackers e engenheirxs de software e hardware, alguns influenciados por escritos tecno libertários que viam as tecnologias da informação como um acréscimo de poder ao indivíduo que aumentaria a liberdade pessoal e poderia radicalmente reduzir a força do estado-nação. É interessante pensar como o libertarianismo cypherpunk dialoga, ainda que pontualmente, com o que Richard Barbrook e Andy Cameron chamaram de “ideologia californiana”. Timothy May, por exemplo, autor do “Manifesto Criptoanarquista” (1992), foi leitor de Ayn Rand e refletia, em alguns posicionamentos políticos, parte da sua filosofia centrada em um certo individualismo que, anos mais tarde, resultaria em um ultraliberalismo e a aberração chamada anarcocapitalismo (os hoje famosos ancaps).
Ainda que houvesse essa tendência individualista e anti-estatal, o fato é que cypherpunks também souberam ser um sistema de natureza tecno-social com bastante elasticidade, que soube se adaptar em diferentes contextos sociopolíticos desde o fim da década de 80 até os dias de hoje. A ponto de agregar, além de pessoas e coletivos, também outras formas de “ação política”. Tecnologias podem ser cypherpunks, como o The Onion Router (Tor), o Pretty Good Privacy (PGP) ou o WikiLeaks; articulações sociais podem ser cypherpunks, como as criptofestas em dezenas de localidades do mundo e as diversas mobilizações da sociedade civil de defesa dos direitos conexos à criptografia na rede.
Na quinta-feira 26/8, 19h, Leonardo Foletto, organizador de “Manifestos Cypherpunks”, conversa com André Ramiro, pesquisador em criptografia e um dos fundadores do IP.Rec, autor do posfácio desta edição. A proposta é falar um pouco sobre os três manifestos presentes no livro, seu contexto de produção e sua atualidade para 2021. A conversa ocorre no canal do Youtube do BaixaCultura, às 19h, dentro do #criptoagosto, uma série de eventos, debates e atividades para falar da importância da criptografia, organizado pela Coalizão Direitos na Rede.
E a campanha do livro no Catarse segue por mais 9 dias, já atingimos 500% da meta inicial mas seguimos pra espalhar e fazer a maior tiragem de um livro artesanal cypherpunk desse país!
Todas as infos: https://baixacultura.org/retrospectiva-e-expectativa-cypherpunk-em-debate/
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