2020-07-25 22:40:25
Atendendo ao pedido da nossa queridíssima @Chamou, posto abaixo o texto que escrevi respondendo ao artigo do Attuch e que também usei nos comentários do vídeo do Conde.
"Ótima oportunidade para rever conceitos. O Attuch comete alguns equívocos.
O primeiro deles é dizer que o tal "site suíço" alega ter a tal lista vip. Isso não corresponde à verdade. O que ele diz é que o documento em 3 volumes por eles publicado, relatório do procurador federal Celso Antônio Três, que investigou o caso na época, nunca tinha sido antes publicado na integralidade, o que foi comprovado pelo próprio Celso Três, pelo ex senador Roberto Requião e pelo delegado aposentado da PF José Castilho. Segundo este último, a assim chamada "lista vip" eram os documentos elaborados pela procuradoria distrital de Nova York contendo as informações obtidas com a quebra do sigilo bancário das contas em Nova York que receberam recursos das CC5. Esse documento permitiria a identificação dos destinos do dinheiro, ou seja, seus verdadeiros donos. Estranhamente, tal lista nunca entrou no inquérito, no relatório da CPMI, ou nos autos dos processos que dela resultaram. Assim, só foi possível processar doleiros e laranjas.
O segundo equívoco é justamente dar a entender que o caso Banestado se esgotou nos indiciamentos dessas figuras. Na verdade, os verdadeiros criminosos, possivelmente pessoas públicas de destaque, foram protegidos por uma "operação abafa", conforme denunciado pelo delegado Castilho, em diversas ocasiões desde que foi afastado do caso pelo então ministro da justiça, Marcio Thomaz Bastos.
O terceiro erro, é a tentativa de esvaziar a importância do caso. E daí que o caso é antigo? Claramente ficaram "pontas soltas", assuntos mal resolvidos, investigações incompletas. Por que um esforço tão grande na tentativa de desqualificar o trabalho de outros veículos de comunicação que procuram respostas? Principalmente da parte de alguém que diz ter participado da divulgação do caso no passado. Se as investigações ficaram incompletas, sem a abertura da terceira camada da contas, sem a localização do dinheiro e sem a identificação dos seus donos, quem trabalhou nela na época, ainda que no papel de jornalista apenas, parece ser natural que nutra, nem que seja, uma pontinha de frustração pelo caso não ter tido o desfecho que poderia. Parece natural que essas pessoas, agora, celebrassem o surgimento e publicação da lista completa de mais de 1000 páginas, jamais publicada, das contas CC5, apesar de nunca ter sido decretado sobre ela o segredo de justiça. Parece natural que tais pessoas anseiem por ver essa história finalmente ter um fim e a verdade vir à tona e que incentivem e louvem os esforços de quem trabalha para isso. Seria uma recompensa depois de quase 20 anos. E mais do que isso. Seria natural, e até importante e desejável, que quem no passado investigou e analisou o assunto na condição de jornalista, agora, se interessasse em ajudar a trazer à luz do dia os fatos que permaneceram na sombras durante todo esse tempo. Estranhamente, o que se vê, de modo generalizado, é o contrário: a tentativa de desqualificar o esforço de quem investiga, invisibilizar o caso, atacar aqueles que por ele se interessam, e até mesmo sustentar inverdades a respeito de quem trata do assunto, na clara tentativa de descredibilizar o mensageiro. Por que isso? Por que essa exasperada tentativa de calar quem fala do Banestado e das CC5?"
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