2021-11-18 22:30:49
Golpe de 2016, agenda neoliberal dos governos petistas e outras inquietaçõeshttps://lavrapalavra.com/2021/11/17/golpe-de-2016-agenda-neoliberal-dos-governos-petistas-e-outras-inquietacoes/
Quais são as origens do Golpe de 2016? O programa político-econômico dos governos petistas foi de caráter neoliberal? “Os governos petistas, no que concerne a seu programa político-econômico, não significaram, assim, uma superação do neoliberalismo em direção a um “pós-neoliberalismo”, ou, ainda, não foram “social-desenvolvimentistas”. Ao invés disto, tais governos não só perpetuaram a agenda neoliberal, como elevaram a sua implementação a um nível de qualidade superior”.
Há uma série de análises acerca do programa político-econômico e ideológico aplicado nos governos petistas e as razões que levaram a sua crise, assim como sobre as origens do Golpe de 2016. Um conjunto destas análises, que localizamos aqui no chamado “campo democrático-popular”, parte do pressuposto de que foram governos de caráter desenvolvimentista ou neodesenvolvimentista e que Dilma foi derrubada pelos setores neoliberais ortodoxos, os quais vinham, supostamente, sendo prejudicados economicamente com as medidas governamentais neodesenvolvimentistas. Procuramos analisar esta tese a partir do cientista político André Singer e do sociólogo Armando Boito Jr., os quais, em seus trabalhos, conseguiram realizar uma radiografia dos governos petistas a partir da perspectiva neodesenvolvimentista. Conjuntamente, procuramos trazer um contraponto.
Abordaremos isto mais detalhadamente a seguir, mas, antes de mais nada, vale apontar que o entendimento aqui é de que os governos petistas foram de caráter social-liberal, porque combinaram uma política econômica neoliberal com políticas assistencialistas, assim como, respeitando as proporções, foi visto no mesmo período (anos 2000) na Nicarágua, Uruguai, Chile. Tendo em vista que o social-liberalismo se trata de uma variante do modelo neoliberal, partimos da hipótese de que os governos petistas não realizaram uma ruptura com o processo de continuação da agenda neoliberal, iniciada no país com Collor em 1992 e perpetuada com FHC. Os governos petistas, no que concerne a seu programa político-econômico, não significaram, assim, uma superação do neoliberalismo em direção a um “pós-neoliberalismo”, ou, ainda, não foram “social-desenvolvimentistas”. Ao invés disto, tais governos não só perpetuaram a agenda neoliberal, como elevaram a sua implementação a um nível de qualidade superior.
Mas, para Singer, Lula implementou uma lógica que o cientista político denominou de “lulismo”, a qual supostamente teria dado o tônus da mudança social nos anos 2000, por meio do qual o país estaria caminhando num contraditório processo de construção de um Estado de bem-estar social, em que se promove a melhoria da vida dos mais pobres sem desagradar ao grande capital. Esses ganhos sociais, entretanto, não passam, na perspectiva de Singer, de um “reformismo fraco”[i].
80 viewsEduardo Carcará ☭PCB/UJC , 19:30