2022-06-24 00:11:06
Viciados em alpinismo devem ter visto o filme “Limite Vertical” (Vertical Limit, 2000), com sua famosa cena inicial. Uma família de alpinistas (pai e dois filhos) conversa durante uma pausa para pregar grampos em uma escalada. Repentinamente, um acidente ocorre montanha acima: dois alpinistas caem, atachados a um cabo que forma um pêndulo. Logo o peso e o movimento destróem o cabo, levando os dois alpinistas a caírem, derrubarem a família e se pendurarem no cabo que unia os três primeiros alpinistas.
Um cabo criado para a sustentação de uma pessoa – duas em caso de emergência, e ainda mal atachado na montanha – de repente suporta cinco. E está se desprendendo rapidamente. Os dois alpinistas do primeiro acidente, que não estão afivelados e apenas seguram o cabo com as mãos, caem. Restam o pai e os dois filhos. Ainda com peso excessivo.
Royce, o pai, interpretado por Stuart Wilson, está na parte mais baixa do cabo, com sua filha Annie (Robin Tunney) no alto e o filho Peter (Chris O’Donnell) entre os dois. Royce precisa tomar uma decisão em segundos – e é em segundos, sem grandes efeitos extradiegéticos, que o diálogo se desenvolve: para salvar os filhos, Royce pede que Peter corte a corda e o deixe cair.
É o único jeito de o cabo que nem havia sido corretamente grampeado parar de se desatar com o peso de três pessoas. Peter, que há poucos instantes cantava músicas com o pai e a irmã, tem poucos segundos para decidir se corta a corta, deixando seu próprio pai despencar de uma montanha para se salvar e salvar a irmã.
A despeito de quaisquer conjecturáveis discussões sobre verossimilhança, a cena é uma metáfora perfeita para a tomada de decisões difíceis (com o componente ultra-dramático do tempo absurdamente escasso para reflexão, e dos laços familiares que lhes dão um peso fora do comum).
Você cortaria a corda? Mais do que isto: trataria a corta cortada como uma “vitória” a ser comemorada? Ou prefere encará-la como uma segunda tragédia? Acredita que alguém prefira cortar a corda como uma ideologia ou um direito?
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https://sensoincomum.org/2020/08/17/so-ha-uma-forma-de-encarar-um-aborto-derivado-de-estupro-como-uma-segunda-tragedia/
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