2023-05-03 20:23:16
Busca e apreensão e estratégia repetida.
Dia desses postei um textão aqui (colocarei nos comentários) falando o óbvio: Lula não quer POUCO BOLSONARO. Lula quer BOLSONARO PRA CAR4*&%O. Lula — e de forma extensiva o “regime”, com STF, imprensa e o escambau — precisa tratar tudo aquilo que chamamos de oposição como Bolsonaro, pois a razão de sua existência é a oposição existencial ao ex-presidente.
Perceba, caro amigo: o inquérito de Alexandre de Moraes se justificou, ao longo do tempo, como resposta heterodoxa aos avanços golpistas do então presidente. Para acumular poderes especiais, o ministro se revestiu da aura de “protetor do regime democrático”. Acontece que Bolsonaro perdeu a eleição, e a turma acampada pedindo golpe já foi ou presa ou desarticulada. Não há ameaça golpista alguma vinda do bolsonarismo.
Ao mesmo tempo, Lula só consegue se justificar na presidência como um “não-Bolsonaro”. A premissa de sua política econômica é “não parecer” a de Paulo Guedes; a defesa de seus 100 primeiros dias foi ter “desfeito” coisas que Bolsonaro fez; a sua oposição essencial é ser um “democrata” a suceder um “fascista”.
O problema é que a oposição natural que vem surgindo é maior que Bolsonaro; é o bom e velho antipetismo, turbinado pela existência de veículos como a Pan e com muitos parlamentares eleitos. Este bloco é MAJORITARIAMENTE Bolsonarista, mas não o é em sua integralidade. Essa oposição já deu muito trabalho na eleição do senado, e ontem DERROTOU Lira, Governo, Felipe Neto, Globo e STF no primeiro round da luta sobre o PL 2630.
Me soa, portanto, um tanto quanto curiosa essa busca e apreensão que rolou hoje. E perceba, sou eu — alguém que quer ver Bolsonaro preso pelos crimes que certamente cometeu — falando isso. Colocar o ex-presidente no centro do debate, fundindo discussões diversas (Bolsonaro, STF, lei da censura), é atraente tanto para Alexandre de Moraes quanto para o governo, pois assim renovam suas razões existenciais enquanto expressões de poder.
Ademais, a defesa de Bolsonaro, além de reduzir o espaço oposicionista, traz à tona não apenas os crimes do ex-presidente, mas também práticas que, em termos meramente retóricos, justificam a argumentação autoritária dos proponentes do PL da Censura. Em resumo, me parece tática malandra para demolir os esforços da oposição como um todo.
Bolsonaro deve se defender, e pagar pelos seus crimes. Não mais nesse inquérito, que perdeu razão de ser. Seus crimes competem apenas a ele e os envolvidos — e talvez à massa de puxa-sacos que ganha dinheiro falando dele. A oposição precisa seguir seu caminho, até pq ser antipetista não significa ser Bolsonaro. Misturar as duas coisas é permitir que o inimigo volte a vencer.
-t.me/renansantosmbl
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