2022-09-30 23:59:31
Relato da morte de Santa Teresinha
Na manhã de 30 de setembro, a Madre Inês aproximou-se. Teresa esgotada, fofegante, presa de sofrimentos inexprimíveis, não dizia uma palavra. Viram-na juntar as mãos e olhar para a estátua da Santíssima Virgem, colocada em frente a seu leito:
— "Oh, rezei-lhe com um fervor! … É a agonia pura, sem mescla nenhuma de consolação…"
— "Ó minha boa Virgem Santa, vinde em meu socorro!"
— "Sim, meu Deus, tudo quanto quiserdes! Tende peidade de mim!"
— "Minhas Irmãzinhas, rezem por mim!"
— Meu Deus, meu Deus! Vós que sois tão bom!"
Pelas três da tarde, a Santa enferma estendeu os bvraços em cruz. A Madre Priora colocou-;he sobre os joelhos uma imagem de Nossa Senhora do Carmo. Teresinha olhou para a Priora e lhe disse, com grande espírito de fé:
— "Ó minha MAdre, apresente-me bem depressa à Santíssima Virgem. Prepare-me para bem morrer!"
— "Nunca imaginei que fosse possível sofrer tanto! Só posso achar explicação para isso nos meus ardentes desejos de salvas almas!"
— "De boa vontade quero sofrer ainda!"
— "Deus realizou os meus mínimo desejos… Então, o maior de todos será também realizado: morrer de amor!"
Pelas cinco horas, o semblante se lhe alterou repentinamente. Na fisionomia, apareceram os traços da agonia suprema. A comunidade entrou e se pôs em oração a fim de auxiliar aquele anjo da terra em seus últimos combates. Teresinha acolheu todas as Irmãs com um doce sorriso. Depois, seu olhar deteve-se no Crucifixo. Apertava-o tantos nas mãos que, após a morte, foi difícil retirá-lo.
Por mais de duas horas, um terrível estertor lhe sacudia e despedaçava o peito. O semblante, tão puro, de Teresinha, achava-se agora congestionado; as mãos, violáceas. Um tremor se lhe apoderara de todos os membros. Abundantes gotas de suor corriam-lhe da fronte. Sob a crescente opressão, a pobre doente deixava escapar, por vezes, débeis gritos involuntários.
As seis da tarde, ouviu-se o toque de Angelus. Seu olhos súplices voltaram-se para estátua da "Virgem do sorriso", que a curara na infância. Teresinha quisera que a colocassem junto de si, na enfermaria.
"Pois que vieste, o Mãe, na aurora a me sorrir, Sorri mais uma vez… a Noite vai cair…"
Interrogou Teresa:
— Minha Madre, não é a agonia? Não estou para morrer? Não desejaria sofrer menos!"
Em seguida, após um supremo olhar ao Crucifixo, ouviram-na murmurar:
— "Oh! Amo-O!... Meu Deus!... Eu… Vos Amo!"
Deixou cair docemente a cabeça para trás, voltando-a para a direita. Seu belo semblante recuperara a cor do lírio. Reergueu-se. Os olhos, elevados para o céu, cintilantes, traduziam uma divina beatitude. Fez ainda alguns movimentos, com um ser no cúmulo da felicidade. O êxtase durou o espaço de um Credo. Depois, Teresinha cerrou docemente os olhos. Morrera de amor.
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