2022-08-17 18:36:39
6. COMO SE DEVE REZAR O ROSÁRIO Lê-se na vida do Beato Hermann, da Ordem premonstratense, que quando ele rezava o Rosário com atenção e devoção, meditando nos mistérios, a Santíssima Virgem lhe aparecia toda esplendorosa de luz, com uma beleza e majestade arrebatadoras. Mas, tendo sua devoção esfriado e não rezando mais o Rosário senão às pressas e sem atenção, Ela lhe apareceu com a face enrugada, triste e desagradada. Hermann se espantou com a mudança, e a Virgem lhe disse:
"Apareço diante dos teus olhos como me encontro na tua alma, pois tu me tratas como a uma pessoa vil e desprezível. Onde está aquele tempo em que tu me saudavas com respeito e atenção, meditando os meus mistérios e admirando as minhas grandezas?" Como não há oração mais meritória à alma e mais gloriosa a Jesus e a Maria do que o Rosário bem rezado, também não há nenhuma que seja mais difícil para bem rezar e na qual seja mais difícil perseverar, sobretudo por causa das distrações que vêm como que naturalmente na repetição freqüente da mesma oração. Quando se reza o Ofício da Santíssima Virgem, ou os Sete Salmos, ou algumas outras orações, a variedade dos termos em que essas orações são concebidas detém a imaginação e recreia o espírito, dando por isso facilidade à alma para bem rezá-Ias. Mas no Rosário, como há sempre os mesmos Pai Nossos e Ave-Marias para rezar, e a mesma forma a manter, é difícil que não se acabe aborrecendo, que não se acabe adormecendo e que não se o abandone para procurar outras formas de oração mais agradáveis e menos cansativas. Por isso, é preciso ter infinitamente mais devoção para perseverar na recitação do santo Rosário do que para qualquer outra oração, ainda mesmo os Salmos de Davi. O que aumenta essa dificuldade é a nossa imaginação volátil e a malícia do demônio, infatigável para nos distrair e nos impedir de rezar. Que faz esse espírito maligno enquanto estamos rezando nosso Rosário contra ele? Antes de começar a oração, ele aumenta nosso aborrecimento, nossas distrações e nossas prostrações. Enquanto rezamos, ele nos acossa de todos os lados. E depois que tivermos rezado com muita dificuldade e distrações, ele nos sopra ao ouvido:
"Nada rezaste que preste; teu terço de nada valeu; melhor farias se trabalhasses e cuidasses dos teus negócios; perdes tempo rezando tantas orações vocais sem atenção; uma meia-hora de meditação ou uma boa leitura valeriam muito mais; amanhã, quando estiveres com menos sono, rezarás com mais atenção, deixa o resto do teu Rosário para amanhã''. É assim que o demônio, com seus artifícios, freqüentemente consegue que abandonemos o Rosário, inteiro ou em parte, ou faz com o que troquemos ou o deixemos para o dia seguinte... Não lhe deis crédito, caro devoto do Rosário, e não desanimeis, ainda que durante todo o Rosário vossa imaginação tenha estado preenchida com distrações e pensamentos extravagantes, se vós os procurastes expulsar da melhor forma possível logo quando vos destes conta deles. Vosso Rosário é tanto melhor quanto mais meritório for; ele é tanto mais meritório quanto mais difícil for; ele é tanto mais difícil quanto menos naturalmente for agradável à alma e mais cheio for dessas miseráveis pequenas moscas e formigas que fazem a imaginação correr de um lado para o outro apesar da vontade, não dando à alma tempo para saborear o que reza e repousar em paz.
A Eficácia Maravilhosa do Santo Rosário - São Luís Maria Grignion de Montfort
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