2021-07-12 20:51:59
Quando eu fui injustamente colocada em prisão domiciliar, aquele que determinou a medida – e os militantes que comemoraram – certamente não esperavam que, a partir disso, eu pudesse focar num propósito que me daria mais sentido e mais alcance.
Numa dessas ironias da vida que só a Providência de Deus alcança, meus inimigos acabaram me dando mais liberdade.
Eu já estava cansada do ativismo nas ruas, mas o senso de dever e a referência que as pessoas tinham de mim acabavam quase que me “arrastando” para essas ações. Afinal, eu sabia organizá-las e fazer o máximo de barulho com elas, porque fui treinada para isso no meu passado.
No meu coração, porém, havia aquela inquietação crescente, suspirada em minhas orações e ratificada pela minha razão: a maior diferença que eu posso fazer no Brasil é dar o máximo para que o meu filho cresça como um homem bom.
Eu achava que já fazia bem a minha parte para propiciar isso ao Hector. Mas ao ser forçada a ficar 100% presente em casa, eu descobri que poderia fazer muito mais. Passei a selecionar melhor os materiais educativos dele e a me envolver em cada detalhe de sua formação. Organizei melhor a minha vida pessoal de estudos. Passei a ter mais cuidado com as músicas que ouvíamos aqui em casa, e com qualquer outra experiência que eu proporcionava para o imaginário do meu filho.
Descobri, por fim, que era com essas mensagens que eu alcançava melhor o coração das pessoas: no cuidado com a minha família, no incentivo à boa leitura, na apresentação de boa cultura, nas conversas profundas com amigos especiais.
Existem vários tipos de militância. Você pode sair às ruas com cartazes ou criar bons filhos para o mundo. Eu cumpri minha parte na primeira e daqui pra frente, minha atuação política se resumirá a ser professora, analista política e a melhor profissão do mundo: MÃE.
2.9K views17:51