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VIDA INTELECTUAL: ANTES, UM LEÃO POR DIA Vez ou outra, eu bri | José Roberto Mello Porto

VIDA INTELECTUAL: ANTES, UM LEÃO POR DIA

Vez ou outra, eu brinco que estudante de concurso não precisa ler literatura russa. Isso não significa que eu dou pouco importância à arte das letras ou aos brilhantes literatos russos. Isso significa que eu dou a cada coisa a sua devida importância de acordo com a circunstância que se apresenta.

Eu imagino uma mãe de família: trabalho, marido, dois filhos chorando no quarto ao lado, boletos para pagar e estudo para concurso. Será que faz sentido que essa heroína fique inquieta porque não conseguiu separar uma hora do dia dela para mergulhar e se banhar nas puríssimas águas da alta cultura? Não parece razoável.

A vida intelectual não surgiu quando o homem tinha que caçar um leão por dia, tomar banho no rio e dormir em uma tenda na montanha. A vida da alma floresceu quando o homem já estava na cidade ou qualquer canto quieto que desse tranquilidade e paz.

Com isso não digo que você precisa chegar ao ápice da calma e do estado meditativo para se dedicar à vida intelectual. Mas talvez não seja a hora se você ainda precisa matar um leão por dia. E não há nenhum problema nisso, porque a circunstância de cada um nos convoca à luta diária onde nós estamos. Faça com intensidade o seu dever de cada dia, pouco importa se é ler Dostoiévski, cuidar do seu filho ou estudar o manual de direito civil. Isso vai te valer muito mais do que perder tempo se preocupando com a “vida intelectual”.