2021-09-02 16:13:53
São Justino de Jacobis
A vida deste santo é uma apologia da vida interior posta a serviço do labor missionário numa das formas mais típicas: encarnar-se totalmente no novo meio social. Justino nasceu perto de Nápoles, Itália, em 1800. Passou sua infância na pobreza e humildade da família mas recebendo uma profunda educação cristã. Aos 18 anos, entrou na Congregação da Missão, fundada dois séculos antes por São Vicente de Paulo, para evangelização das regiões mais abandonadas.
Formado sacerdote, empreendeu com especial zelo atividades pastorais, revelando-se um anjo de caridade na cólera que dizimou Nápoles, em 1836.
Ele, porém, sonhava com um campo de apostolado mais vasto na África. A ocasião se apresentou, quando a Santa Sé confiou à Congregação da Missão a evangelização da Etiópia, ficando eleito o próprio Justino como vigário apostólico.
Depois de longa e perigosa viagem, chegou, finalmente, com dois colegas missionários, ao novo campo de apostolado. A Etiópia é um país dominado por planaltos, altas montanhas, profundos vales e rios: uma geografia que ajudou a conservação do cristianismo contra os ataques dos muçulmanos.
Mas a religião cristã da Etiópia era separada de Roma, dependendo da Igreja copta do Egito que, no século V, tinha caído na heresia monofisita. Vivia-se um Cristianismo isolado, degenerado, quase esvaziado de conteúdo. Justino, ao chegar à Etiópia, percebeu a dificuldade de sua missão, o ambiente hostil à Igreja Católica que há séculos não exercia nenhuma atividade naquela região.
Adotou um estilo de vida encarnado na realidade local, assimilando com paciência a difícil língua e fazendo-se tudo a todos. Usando a arma de uma grande caridade e bondade para com todos, conseguiu dobrar a desconfiança contra os missionários católicos, chegando a granjear estima e admiração pela sua santidade. A fim de cativar a simpatia dos chefes, organizou uma embaixada de nobres abissínios para Roma, onde foram recebidos pelo papa com grande honra, fato que deu liberdade a Justino no apostolado.
Ganhou à sua causa um grande mestre etíope. Guebra Miguel, homem influente que se tornou católico e um valioso apóstolo ao lado de De Jacobis, e que inclusive se tornara o primeiro mártir da nova Igreja Católica da Etiópia.
Para garantir a progressiva evangelização autônoma da Etiópia, Justino ideou e conseguiu fundar com imensos sacrifícios um seminário para vocações indígenas e, antes de morrer, teve a sorte de ordenar trinta sacerdotes nativos.
Justino viajava continuamente em todas as direções para evangelizar, iniciando sua obra junto aos monges abissínios que eram os mais resistentes e, assim, sentir-se livre em pregar eficazmente ao povo. Em muitas regiões conseguiu numerosas conversões que lhe permitiram organizar estruturas eclesiais.
Infelizmente, seu zelo e seus sucessos suscitaram a inveja e a oposição do único bispo etíope, Abuna Salama, que instigou o rei a decretar uma perseguição contra os convertidos e a expulsar os missionários. Escrevendo ao rei, Abuna dizia: “Manda embora Justino, mas não o mates, pois ele é um santo, porque ninguém observa melhor do que ele a lei de Deus”.
Desgastado pelo cansaço, pelas viagens, privações e sacrifícios, Justino de Jacobis sentiu a morte se aproximar, quando era expulso do país. Deitado no chão, com uma pedra por almofada, abençoando a todos, rendia sua alma a Deus. Era o dia 31 de julho de 1860, completando 60 anos.
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