2020-02-22 01:24:37
Idealizamos amores com muita facilidade.
Pontuamos como queremos que a outra pessoa seja, e como seremos dentro desse cenário. Como irá ser divertido e satisfatório se casar!
Eu já idealizei um príncipe encantado.
Aquele que iria aturar minhas crises de TPM e de ansiedade, me enchendo de amor e bombons. Flores também.
Alguém 100% disposto a entender que eu tenho alguns pequenos defeitos, mas que sou maravilhosa e mereço ser tratada como uma princesa. Não devo ser criticada, sou o sexo frágil, então meus pequenos chiliques devem ser compreendidos todas as vezes. Ah, também é importante que o cara me banque em todos os luxos que desejo, afinal, uma princesa não precisa se esforçar, apenas precisa ser bela, admirada e recompensada por isso.
É assim (ou quase assim) que muitas vezes insistimos em montar um cenário romântico em nossa mente.
Uma ilusão muito infantilizada do que é a relação de dois pecadores e do que é o matrimônio.
Chamamos nossos pecados de defeitos a serem suportados, por serem muito pequenos (aos nossos olhos).
Não estamos dispostos a nos moldar e nos adequar. Defendemos nossa personalidade forte, ou “gênio” forte.
A frase mais usada é “sou assim e não vou mudar, quem me quiser vai ter que me aceitar”.
Tratamos o outro como um mero acessório, que complementa aquilo que somos, destacando a nossa própria imagem.
Somos deuses (e deusas) de nós mesmos! Mas, se queremos ser homens e mulheres dispostos a entrarem em um matrimônio (ou permanecer em um) é preciso, antes de tudo, sermos humildes (Provérbios 15.33, Efésios 4.2, Filipenses 2.3 ), nos vestirmos do caráter cristão (Gálatas 2.20) e assim, trataremos o pecado como pecado.
Reconhecer o pecado é indispensável para o arrependimento e crescimento espiritual, afinal, se não enxergarmos determinada atitude pecaminosa como pecado, continuaremos a praticá-la.
Se não reconhecermos nossa natureza depravada, iremos persistir em cultivar nossa própria concepção como inerrante e justificável.
Talvez alguém não tenha conseguido um bom relacionamento por ainda não ter tratado de seu caráter como cristão.
E AQUI PRECISA DE UM ADENDO MUITO IMPORTANTE: um relacionamento NUNCA será o prêmio por sermos cristãos, pois o maior prêmio de se ter uma vida em Cristo é o próprio Cristo.
Porém, nossas lacunas espirituais e descompromisso com a Escritura tem nos levado a relacionamentos conturbados e desgastados.
Há muitos jovens dentro da igreja que possuem estoques de ex-namorados (ex-namoradas).
E não quero tratar essas pessoas de modo discriminatório, até porque, eu tenho meu próprio estoque de relacionamentos fracassados. Mas, não é porque uma situação é comum que a trataremos como sadia e produtiva.
E basicamente, passar por muitos relacionamentos não é nada sadio.
Aqui voltamos ao início: nossas idealizações tem nos levado ao fracasso.
Ao idealizar perfeição e satisfação através de um relacionamento com outro pecador, estamos usando uma venda de mentiras; e a visão tampada produzirá escolhas erradas.
Talvez isso dê a entender que precisamos diminuir critérios e sermos coniventes com as falhas do outro; mas não é isso.
Se há um elevado modo de se viver, é o viver em Cristo, e isso lapida em nós virtudes que jamais podem ser encontradas foram dEle (Gálatas 5.22).
Do mesmo modo que Cristo transforma nosso ser, nossa visão e percepção sobre o mundo muda. E isso incluí relacionamentos.
Se antes eu desejava um príncipe encantado que estivesse aos meus pés, hoje devo buscar um servo do Senhor que esteja junto comigo aos pés do Senhor.
Logo, o melhor modo para se preparar para um relacionamento continuará sendo estreitar o relacionamento com Deus.
Se não investirmos nisso, seremos levados por nosso vento de desejos, pecados e engano.
Se não investirmos nisso, continuaremos sentindo um buraco na alma, que iremos pensar ser falta de coisas terrenas (“preciso de um namoro”; “preciso de um emprego”; etc).
Se nos prepararmos para ter um relacionamento que nos satisfaça, encontraremos tudo, menos satisfação.
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