2022-05-28 17:35:44
Há alguns anos, visitei Zurique pela primeira vez. A celebrada Suíça, com sua democracia, paisagens e chocolates é conhecida por sua estabilidade centenária. Herança reformada, belos monumentos e igrejas históricas encantam o país "quase de brinquedo" para muitos. Mas, passeando pelo belo rio Limmat, estarrecido, contemplei a placa da execução de Felix Manz, morto em 5 de janeiro de 1527. Outros cinco anabatistas tiveram o mesmo destino. O homem foi amarrado e afogado no rio gelado, cantando: em tuas mãos entrego o meu espírito. As execuções continuaram por quase um século, até 1614. A bela paisagem, a leveza da correnteza e a leitura da placa me trouxeram um lamento doído e silencioso na alma. Fechei os olhos e tentei me recuperar. Manz tinha 29 anos, estudioso de hebraico, grego e latim, entendeu que deveria ser rebatizado. Sob a acusação de Zuínglio, o conselho da cidadr decidiu a morte de Manz por afogamento no rio Limmat. Eram reformados suíços matando pessoas por causa de um batismo diferente. Eu não podia acreditar. Conhecia a história por alto, mas ver de perto o lugar e ler a placa histórica afogou minha alma em horas de tristeza e dor. Isso me estremece. A facilidade de julgar, ofender e atacar os outros, até irmãos de fé, tem me chocado. Não creio que seja zelo por Deus. Não pode ser. Os seguidores de Jesus deveriam fazer tudo com amor (1Co 16.14). A fé não pode ser associada à violência. A truculência e a agressão crescentes, filhas de Caim, não devem prevalecer. Tenham cuidado para que ninguém retribua o mal com o mal, mas sejam sempre bondosos uns para com os outros e para com todos. (1Ts 5.15). É preciso seguir o exemplo de Jesus: Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça. (1Pe 2.23). Meu apelo a todos nas redes: não provoquem, nunca revidem, não propaguem nada que não edifica. Isso acaba em morte. Quando vejo a violência, às vezes religiosa, aflorar em nossos dias, às águas do rio Limmat passam pelos meus olhos e peço a Deus, sem cantar: Pai, não os deixe ser dominados por este espírito.
Luiz Sayão
@luizsayao
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