2022-08-19 21:10:27
Os cristãos que "mataram" Deus
Por W. Tossan
Nietzsche, ao fazer a sua famosa afirmação - "Deus está morto." -, não estava se colocando como o autor do "deicídio". Quando a audaciosa citação foi proferida, ele fazia uma crítica à humanidade religiosa, que dizia acreditar em Deus, mas vivia uma vida apegada aos prazeres que a vida oferece; com preocupação pela ausência deles. Segundo Nietzsche, o homem religioso é apenas um niilista, que não acredita na providência Divina. E por isso vive apegado às vicissitudes da vida. Preocupados com o futuro, com o amanhã, com o que comer e vestir, com a liberdade, com a política da cidade dos homens; como se não houvesse um Deus que estivesse, em sua soberania, no controle da história e agisse, zelosamente, para o bem daqueles que o amam. Se Vivem como se Ele fosse impotente, é porque negam-lhe a existência; logo Ele estaria morto.
O cristão-político é apenas parte de uma parcela do grupo dos "assassinos de Deus", pois depositaram a sua fé e esperança - mesmo que neguem - na política, por temerem um inimigo imaginário, criado sob encomenda para ser odiado e temido, moldando o seu comportamento por negação, seguindo a lógica de orientação pelo oposto - "Se o meu inimigo faz assim, então devo fazer assado..."
O cristão-político teme a perseguição - onde já se viu... Cristão com medo de perseguição... -, a escassez, a falta de liberdade, a ausência de uma vida "cristã" confortável, almejando uma vida oposta ao que lhe é oferecida no Reino, que diz: "Aquele que quer ser meu discípulo, tome a sua cruz..."; "Aquele que amar a sua família mais que a mim, não é digno de mim..."; "A amizade com o mundo constitui-se inimizade contra Deus..."; "Não tenham concordância com a lógica que rege esse mundo..."; "Não fiquem ansiosos com o amanhã, pois Deus cuida dos seus..."; "No mundo tereis aflições..."; "Vocês serão perseguidos por amor ao meu Nome.."; "vocês serão presos e mortos por amor ao meu nome..."; "O meu Reino não é desse mundo..." etc...
O cristão-político é um niilista sem consciência do seu sangue nas mãos por ter "matado Deus" em suas vidas, pois não crêem na exclusividade do poder Dele e nem na mensagem do Seu Evangelho para solver os problemas da humanidade. E não acreditam no cuidado do Pai Eterno para suprir todas as suas necessidades, presentes e futuras. Transferiram suas esperanças para os políticos, marionetes dos reinos da Terra que servem ao príncipe deste mundo. Política e Religião, uma união infernal!
Como Nietzsche se colocava como anticristo por viver em oposição ao que era proposto por Cristo, sendo apegado ao mundo natural e usando qualquer meio para satisfazer os desejos hedonistas da sua existência, já conseguimos perceber muitos anticristos entre nós... Como Kierkegaard, que criticava "cristãos" que desejavam viver uma vida confortável, longe de qualquer perseguição, escassez ou possibilidade de martírio, e os chamavam de cristãos de brinquedos, já vislumbro uma gigantesca brinquedoteca...
"Onde estiver o teu tesouro aí estará o teu coração...". Nosso engajamento com algo diz muito sobre nós; principalmente, onde está o nosso coração. A política é o elo entre o cidadão e a cidade. Ela nos torna participantes e cúmplices. Babilônia moderna ou Jerusalém celestial? Qual é a sua cidade?; O que vai ser: A marca babilônica ou o selo celestial?; O seu título de eleitor é o que te torna cidadão. Ele pertence à cidade de Deus ou à cidade dos homens? (...)
[Continua]
618 viewsW. Tossan, 18:10