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COMENTÁRIO IPCA (Junho/2022) IPCA Resultado: 0,69% MoM ( | 🔵 CM CAPITAL - Trader

COMENTÁRIO IPCA (Junho/2022)


IPCA

Resultado: 0,69% MoM (11,89% YoY)

Expectativa do mercado: 0,71% MoM (11,91% YoY)
Anterior: 0,47% MoM (11,73% YoY)

O IPCA de junho registrou crescimento de 0,69% MoM (11,89% YoY), a maior alta para o período desde 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros e trouxe forte impacto para o indicador. O IPCA de junho também ficou abaixo das expectativas do BCB de 0,81% MoM. Vale destacar que o Índice de Difusão passou de 72,4% para 66,6%, o que é parcialmente uma boa notícia porque, apesar da disseminação inflacionária ainda ser elevada, a maior parte da queda foi gerada pela inexistência da inflação dos itens que não fazem parte do grupo de alimentação no domicílio.
Os preços administrados voltaram a apresentar inflação (0,48% MoM contra -0,51% MoM no mês de maio). A surpresa inflacionária deste grupo ficou por conta do reajuste em planos de saúde. Cabe ressaltar que tanto energia elétrica residencial como gasolina apresentaram deflação no período. Em alguma magnitude, a aprovação do PLP 18, que aconteceu no dia 19/06, pode ter sido sentida sobre o item de energia elétrica residencial por conta da característica do setor, mas não deve ter sido o caso da gasolina, que sofreu reajuste de aproximadamente 5% após a sanção da lei e cuja deflação pode ter sido gerada pela concorrência dos postos.
Os preços livres desaceleraram 0,08 p.p. (de 0,84% MoM em maio para 0,76% MoM em junho). Os bens duráveis e serviços apresentaram aceleração inflacionária na margem (de 1,75% MoM em maio para 1,35% MoM em junho, e, 0,85% MoM em maio para 0,90% MoM em junho respectivamente), ao passo que bens não duráveis e semiduráveis desaceleraram de forma mais intensa. Apesar da desaceleração, a inflação de bens não duráveis, que abarca majoritariamente os alimentos, ainda traz um resultado muito ruim para o período, que sazonalmente é positivo e costuma apresentar inflação muito baixa ou até mesmo deflação. Já os serviços e os bens duráveis, que contemplam itens mais supérfluos, ainda aceleram. Estes grupos deveriam ser os primeiros a desacelerarem por conta dos impactos da política monetária contracionista, algo que não está acontecendo.
Quando analisados sob a ótica de comercialização, fica claro que a contribuição internacional cai fortemente mês após mês. Os bens comercializáveis apresentavam inflação de 1,83% em abril, de 1,29% MoM em maio e de 0,81% MoM em junho. Ou seja, a contribuição inflacionária advinda do mercado internacional é cada vez menor e joga a favor da desaceleração da inflação doméstica. Na contramão, no entanto, está justamente os bens não comercializáveis, cuja oferta e demanda ficam restritas ao mercado doméstico. Esse grupo mostrou aceleração inflacionária expressiva no último mês e passou de 0,44% MoM para 0,71% MoM. Isso significa que mesmo com o aperto monetário brasileiro tendo começado mais cedo do que nos demais países, a inflação custa a responder positivamente. O represamento da demanda sobre os serviços que vimos durante a pandemia pode explicar essa resiliência da inflação de bens não-comercializáveis.

Embora saibamos que a inflação de julho deva desacelerar por conta dos impactos do PLP 18, a característica da inflação não é boa e mostra sinais ambíguos sobre o que deve acontecer com os núcleos nos próximos meses. Se, por um lado, a difusão cai e a inflação internacional nos ajuda, por outro, a inflação produzida exclusivamente no mercado doméstico custa a ceder. O pacote de bondades iminente deve pressionar ainda mais os núcleos e deve manter o perfil ruim da inflação. É importante lembrar que o BCB foi surpreendido positivamente pela inflação de junho. Isso pode ter impactos sobre a condução da política monetária.