2021-08-11 03:58:27
Falsa liberdade
Casas em áreas de deslizamentos de morros são comumente noticiadas em jornais. Esse é um dos exemplos do quão o ser humano necessita de um lugar para viver, e quando a realidade é de segregação socioespacial, favelas aumentam cada vez mais e o caos -nas pequenas, e principalmente, nas grandes cidades- cresce. Com isso, essa desordem de séculos no meio urbano é fruto de vetores do passado, assim como de outros que surgem no presente.
Nessa perspectiva, a histórica e atrasada abolição da escravidão,em 1888, é uma contradição. Essa liberdade era apenas uma “fachada” porque eles não tinham assistência e estrutura depois de libertos, não ficando, obviamente, no mesmo meio de seus antigos senhores, partindo para áreas afastadas e de alta vulnerabilidade às doenças da época - como a Varíola de 1904- devido à péssima higiene do local: era o início das favelas. Desse modo, o déficit habitacional é um exemplo da falsa liberdade que os indivíduos sem renda têm.
Acresce-se também que na atualidade há vetores que ainda provocam aumento dessa segregação socioespacial, como é o caso da Gentrificação. Ela é um processo de limpeza social de praças e centros urbanos degradados, através da especulação imobiliária e reforma da região interessada às autoridades do Estado. Isso resulta na expulsão direta e indireta, respectivamente, de moradores de rua e até quem tem uma residência, mas perdeu as condições de se manter no local, partindo para bairros distantes e muitas vezes com saneamento básico precário, por exemplo, para as favelas. Dessa forma, um problema de séculos ainda existe porque envolve o poder.
Portanto, há vetores do passado e também do presente que contribuem para a desordem de hoje nas pequenas e grandes cidades. Dessa forma, os escravos libertos no passado, por exemplo, só não eram mais subordinado aos seus senhores, mas continuaram vivendo na extrema precariedade dos espaços, como as favelas. Outrossim, é que a sede pelo poder também gera esse caos, como é o caso da Gentrificação. Com isso, perde-se as perspectivas de melhora de quadro, que piora cada dia mais.
EDUARDO PASSOS RIBEIRO
EsPCEx
A desordem e o processo de favelização.
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