2022-06-11 07:28:10
MEDITAÇÃO DEVOÇÃO DE SANTO AFONSO À PAIXÃO DE JESUS CRISTO"Mihi autem absit gloriari, nisi in cruce Domini nostri Iesu Christi" -
"Quanto a mim, livre-me Deus de me gloriar, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gal VI. 14)SUMÁRIO. Com muita razão a Igreja chama Santo Afonso contemplador assíduo e propagador admirável da devoção à paixão e morte de Jesus Cristo. Foi este o assunto quase contínuo de suas meditações, de seus colóquios públicos e particulares. Se queremos ser devotos verdadeiros e dignos filhos do santo Doutor, sejamos, à sua imitação, devotos da Paixão de Jesus, façamos dela em todas as circunstâncias o assunto habitual de nossas meditações.
I. Com muita razão a Igreja
(1) chama Santo Afonso contemplador assíduo e propagador admirável da devoção à paixão e morte de Jesus Cristo. Foi este o assunto mais frequente, ou antes contínuo, de suas meditações; não deixava passar um dia sem percorrer as estações da Via sacra, e a cada instante lançava um olhar sobre o Crucifixo que tinha no seu quarto, acompanhando o olhar de alguma oração jaculatória de amor. – As suas mortificações e penitências eram sempre mais rigorosas nas sextas-feiras do ano; mas aumentava-as quase até ao excesso na Semana Santa, especialmente nos três últimos dias da mesma. Então via-se Afonso silencioso, pálido e triste, como que fora de si e absorto, na contemplação dos mistérios dolorosos da Paixão do Senhor, da qual a Igreja faz então comemoração especial.
Para desafogar os afetos de sua devoção e excitá-los também no coração de outros, o Santo falava muitas vezes desta devoção em seus colóquios privados; ensinava-a ao povo em quase todas as suas prédicas, e compôs diversas obras para transfundir à alma de seus leitores as puras chamas de seu amor. – Mais, não contente com isso, quis que todos os pregadores da sua diocese e especialmente os membros de sua Congregação, nunca deixassem de inculcar ao povo a meditação dos sofrimentos de Jesus Cristo. "Nas missões", dizia o Santo, "são muito úteis os sermões sobre o juízo e o inferno, porque incutem o temor; mas as conversões que provém do temor, são pouco duráveis. Ao contrário, as conversões por meio do amor a Jesus crucificado, são mais fortes e constantes. Quem se afeiçoa a Jesus crucificado, não tem mais medo."
Numa palavra, foi tão grande em Afonso a devoção à Paixão, que não querendo, à imitação do Apóstolo, saber coisa alguma senão a Jesus crucificado, bem podia dizer com o mesmo São Paulo: Mihi autem absit gloriari, nisi in cruce Domini nostri Iesu Christi – "Quanto a mim, livre-me Deus de gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo". Felizes de nós, se soubermos imitá-lo!
II. O fruto a tirar de nossa consideração, nos é indicado pelo próprio Santo Afonso, quando diz: "Todas as meditações são boas, mas a que se faz sobre a Paixão de Jesus Cristo é a mais útil. Por isso recomendo-vos que a façais cada dia, ao menos um quarto de hora. Mas não vos detenhais tão somente na superfície; penetrai na humildade, na mortificação e nas penas do Redentor. Fazei com que esta meditação vos seja familiar; e quando virdes cordas, espinhos, cravos, lembrai-vos logo do que Jesus Cristo sofreu na sua dolorosa Paixão; quando virdes uns cordeiros serem levados ao matadouro, pensai, como fazia São Francisco de Assis, que é assim que o inocente Jesus foi conduzido à morte."
"Cada um procure ter uma bela imagem do Crucificado, suspenda-a no seu quarto e lance sobre ela de vez em quando um olhar, dizendo: Ah, meu Jesus, Vós morrestes por mim e eu não Vos amo! Se alguém sofresse por um amigo injúrias, golpes e cadeias, ser-lhe-ia muito agradável se o amigo disso se lembrasse e falasse. Assim também agrada muito a Jesus, que nós frequentemente pensemos na sua Paixão. Oh, que consolação nos darão na morte as dores e a morte de Jesus Cristo, se em vida tivermos a miúde e com amor meditado nelas!"
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