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MEDITAÇÃO DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO PARA SEXTA FEIRA DEPOIS D | A Pᴀɪxᴀ̃ᴏ ᴅᴇ Cʀɪsᴛᴏ

MEDITAÇÃO DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO PARA SEXTA FEIRA DEPOIS DO DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

O GRANDE LIVRO QUE É O CRUCIFIXO

"Non iudicavi me scire aliquid inter vos, nisi Iesum Christum, et hunc crucifixum" - "Não entendi saber entre vós coisa alguma, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (I Cor II. 2)

SUMÁRIO. O lenho da cruz serviu a Jesus Cristo, não só de patíbulo, para operar o nosso resgate; mas também de cátedra para nos ensinar as mais sublimes virtudes. À imitação dos santos, procuremos estudar amiúde o grande livro do Crucifixo e nós também nele aprenderemos como devemos praticar a obediência aos preceitos divinos, o amor para com o próximo, a paciência nas adversidades. Nele aprenderemos sobretudo como devemos odiar o pecado e amar a Deus, aceitando por seu amor trabalhos, tribulações e a própria morte.

I. Dizia o Apóstolo São Paulo que ele não queria saber outra coisa senão Jesus, e Jesus crucificado, isto é, o amor que Ele nos testemunhou sobre a cruz. E na verdade, em que livros poderemos melhor estudar a ciência dos santos, que é a ciência de amar a Deus, senão em Jesus crucificado? O grande servo de Deus Frei Bernardo de Corlione, capuchinho, não sabendo ler, queriam os religiosos, seus irmãos, ensiná-lo. Foi primeiro tomar conselho com o Crucifixo; mas Jesus lhe respondeu da cruz: "Que, livros! Que, leituras! Eu é que sou o teu livro, no qual podes sempre ler o amor que tenho tido". Oh, que grande assunto para meditação por toda a vida e por toda a eternidade: um Deus morto por nosso amor! Um Deus morto por nosso amor! Oh, que grande assunto!

Um dia Santo Tomás de Aquino visitando a São Boaventura perguntou-lhe de que livro tinha feito mais uso para consignar em suas obras tão belos conceitos. São Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos beijos que lhe dera, dizendo: "Eis aqui o livro que me fornece tudo que escrevo; É ele que me ensinou o pouco que sei". Jesus crucificado foi também o livro predileto de São Filipe Benício, que teve a fortuna de exalar a sua alma bendita enquanto beijava aquelas chagas sagradas. Numa palavra, foi no estudo do crucifixo que os santos aprenderam a arte de amar a Deus e de, por amor d'Ele, sofrer as tribulações, os tormentos, os martírios e a morte mais cruel.

Tinha, pois, Santo Agostinho razão para escrever que o lenho da cruz serviu a Jesus Cristo, não só de patíbulo, para nele operar a nossa redenção, mas também de cátedra para nos ensinar as mais sublimes virtudes. — Por isto, o Santo, arrebatado pelo amor à vista de Nosso Senhor coberto de chagas sobre a cruz, fazia esta terna oração: Gravai, ó meu amantíssimo Salvador, gravai as vossas chagas em meu coração, afim de que nelas leia eu sempre a vossa dor e o vosso amor. Sim, porque, tendo diante dos olhos a grande dor, que Vós, meu Deus, padecestes por mim, sofrerei em paz todas as penas que me possam acontecer; e à vista do amor que me tendes patenteado na cruz, não amarei nem poderei amar senão a Vós.

II. Eis, pois, aí o nosso grande livro: Jesus crucificado! Se o estudarmos amiúde, ficaremos também instruídos na ciência dos santos; porquanto, no dizer de Santo Tomás, ao mesmo tempo que n'Ele acharemos auxílio seguro contra todas as tentações, aprenderemos a praticar a obediência a Deus, a caridade para com o próximo, e a paciência nas adversidades. Mas n'Ele, sobretudo, aprenderemos a temer o pecado e a amar a Jesus Cristo com todas as nossas forças; pois nessas chagas leremos de uma parte a malícia do pecado que constrangeu um Deus a sofrer tão amargosa morte para satisfazer à divina justiça; e da outra o amor que o Salvador nos mostrou querendo sofrer tanto a fim de nos fazer compreender o quanto nos amava.

Procuremos, portanto, ter uma linda imagem de Jesus crucificado, coloquemo-la em nosso quarto, e olhando para ela frequentemente, mesmo entre os nossos estudos e trabalhos, façamos com afeto alguma oração jaculatória e particularmente esta: † Meu Jesus, misericórdia! (1).