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O Senhor, porém, que nunca se deixa vencer em generosidade e q | A Pᴀɪxᴀ̃ᴏ ᴅᴇ Cʀɪsᴛᴏ

O Senhor, porém, que nunca se deixa vencer em generosidade e quis recompensar já nesta terra aquelas almas generosas, tornou-lhes muito suaves os frutos da árvore da cruz, que se regozijavam no meio das tribulações; e talvez nunca um mundano se mostrasse tão ávido de prazeres, como os santos o foram de sofrimentos. Santa Teresa, não querendo viver sem cruzes, exclamava: Ou sofrer, ou morrer. Santa Maria Madalena de Pazzi, ao pensar que no céu não há mais sofrimento, dizia: Sofrer e não morrer. Quando certo dia Jesus Cristo perguntou a São João da Cruz, qual a recompensa que desejava por tudo o que por amor dele tinha sofrido, respondeu: Senhor, não desejo senão mais sofrimentos, mas sofrimentos acompanhados de humilhações e desprezos: Domine, pati et contemni pro te[1].

Meu irmão, não sejas do número daqueles loucos que se assustam à vista da cruz e fogem dela, porque lhe conhecem somente o exterior. Tu, ao contrário, «prova e vê quão suave é o Senhor» — Gustate et videte, quoniam suavis est Dominus (Sl 33, 9). Abraça de boa vontade as tribulações que o Senhor te queira enviar, considera atentamente as vantagens que delas te provêm, e também tu dirás: Vale mais uma hora de sofrimentos suportados com resignação na vontade de Deus, do que todos os tesouros da terra. — Quando a natureza se revolta contra os sofrimentos, lancemos, para nossa animação, um olhar sobre o Crucifixo e digamos com o Apóstolo: Compatimur, ut et conglorificemur (Rm 8, 17) — «Padecemos com Jesus, para também com ele sermos glorificados».

Sim, meu Jesus, é o que com o vosso auxílio proponho fazer. Se Vós, posto que inocente, quisestes sofrer tanto por mim, e não entrastes na glória senão pelo caminho dos sofrimentos, como poderia eu, pecador como sou e digno de mil infernos, recusar o sofrimento? Ah, Senhor, enviai-me as cruzes que quiserdes, mas dai-me também força para as carregar com paciência por vosso amor. — «E Vós, ó Deus, que no presente dia nos alegrais com a anual solenidade da exaltação da santa Cruz: concedei-me que, conhecendo na terra este mistério, mereça no céu os prêmios da sua Redenção»[2] — Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria. (* I 768.)

[1] Lect. Brev. Rom.

LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Terceiro: desde a duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p.360-363.