2022-07-04 15:32:30
Em tempos de liberalismo econômico e de esfacelamento do patrimônio natural nacional, a denúncia feita por Oswaldo Gouvêa, em Brasil Integral (1936), encontra-se atualíssima, digna de reprodução e necessária:
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O Problema Hidroelétrico Em dois livros muito interessantes, ultimamente publicados, 'La Grande Révolution qui vient' e 'La Grande Relève des Hommes par la Machine', o Sr. Jocques Duboin, antigo ministro em França, tem procurado mostrar, documentadamente, que uma das causas mais poderosas da crise atual no mundo inteiro é a exploração gananciosa das fontes produtoras de energia. O problema resume-se no seguinte: Até o século XVIII, o homem agiu com sua força muscular ou empregou a dos animais. Para navegar, utilizou o vento. Para moer, utilizou o vento ou as águas correntes. Em 1775, com o primeiro ensaio de máquina a vapor, começou uma era inteiramente nova. O homem foi deixando de fazer agir sua força muscular e passando a recorrer a várias fontes produtoras de energia, a qual, escreve o Sr. Duboin, 'tomada na natureza, exterior ao indivíduo, começou a produzir riquezas cada vez mais abundantes, suprimindo de tal sorte o trabalho humano, que, quanto mais se produz, menos consumidores há'.
Toda essa força que ilumina, aquece, move veículos, dá vida a aparelhos de toda a sorte, desde a vassoura elétrica ao rádio alto-falante, vem das quedas de água. A água das nações corre nos rios e ribeirões, gorgoleja nas grotas, desliza sobre os paredões das represas gigantes, despenha-se no abismo rumoroso das cachoeiras e vai produzindo uma quantidade incontável de força capaz de tudo acionar. Uma companhia qualquer obtém concessões do governo, instala máquinas e começa a vender eletricidade pelo preço que entende. Durante vinte, trinta anos, pega-se do capital empregado, embolsa juros admiráveis e lucros verdadeiramente miríficos. Terminando o prazo da concessão, tange seus pauzinhos, move seus advogados administrativos, distribui gordas propinas, paga a essa coisa imunda que se chama imprensa uma campanha em seu favor e instala-se de novo numa prorrogação ou renovação de concessão. Às vezes por 99 anos. Não se vê nos contratos por um século para evitar o escândalo da palavra…"
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