2022-08-19 23:40:25
Na primeira semana da campanha eleitoral oficial, tanto Jair Bolsonaro quanto Lula visitaram Minas Gerais.
Na terça-feira, 16, o presidente foi a Juiz de Fora, palco do atentado a faca que quase o matou em 2018. “Estamos dando a largada de onde tentaram nos parar”, disse ele, que em seguida defendeu as ações de seu governo e relembrou os casos de corrupção associados ao PT.
No dia seguinte, quarta-feira, Lula deu uma longa entrevista a uma rádio mineira. Preparação para o comício de estreia realizado nesta quinta em Belo Horizonte, a capital do estado, durante o qual o petista disse que nesta eleição se opõem “democracia e barbárie” – uma variação da “luta do bem contra o mal” propalada pelo seu adversário.
As incursões pelo solo mineiro não foram, obviamente, um acaso.
A despeito do ambiente carregado e de todas as preocupações com a saúde da democracia brasileira, estas eleições têm muito mais traços de normalidade que as de 2018. O sentimento antipolítica refluiu. Bolsonaro não é mais um outsider e, como qualquer candidato que busca a reeleição, desta vez será julgado por tudo que disse e fez na presidência. Como na grande maioria dos pleitos, a situação da economia preocupa muito mais os eleitores do que questões ideológicas.
A pesquisa Datafolha divulgada no final da tarde desta quinta-feira confirmou algumas expectativas. Ela mostra que as chances de uma vitória de Lula no primeiro turno vão se tornando menores. A diferença entre os dois candidatos, que era de 21 pontos percentuais em maio e de 18 pontos percentuais em julho, caiu agora para 15. O petista tem 47% das intenções de voto, contra 32% de Bolsonaro, que cresceu 5 pontos em um mês – provavelmente, por causa da melhora nas estatísticas de emprego e da distribuição de bondades como o Auxílio Brasil turbinado e os vouchers para caminhoneiros e taxistas.
Uma campanha mais “normal”, protagonizada por políticos que já fincaram suas bandeiras em amplas áreas do país (o Sul para Bolsonaro; o Nordeste para Lula) e cujas intenções de voto começam a se aproximar, faz com que a maioria dos analistas antecipe um cenário clássico, em que Minas Gerais se apresenta palco da maior batalha. Daí as agendas no estado logo no início da corrida.
Ao lado de Minas, surge também São Paulo. Ao contrário de 2018, quando Bolsonaro venceu o petista Fernando Haddad de lavada no estado, por uma diferença de 8 milhões de votos, desta vez cada eleitor paulista terá de ser conquistado com suor.
São Paulo tem 34,6 milhões de eleitores e Minas, 16,2 milhões. Os dois respondem, juntos, por quase um terço do eleitorado brasileiro, composto por 156 milhões de votantes.
Divulgação/Ricardo StuckertDivulgação/Ricardo Stuckert
Lula e Kalil no primeiro comício da campanha: força em segmentos diferentes do eleitorado mineiro
Um fato sobre Minas é bem conhecido: todos os presidentes eleitos desde a redemocratização também venceram no estado. Na verdade, é possível retroceder ainda mais no tempo. A regra se aplica a todas as eleições desde 1945, com uma única exceção: em 1950, o marechal Eduardo Gomes prevaleceu em Minas, mas perdeu nacionalmente para Getúlio Vargas.
Menos conhecida é a matemática do voto mineiro. Os resultados no estado costumam espelhar bem de perto os resultados gerais da eleição. Em 2002, 2010 e 2014, por exemplo, o posicionamento dos candidatos em Minas, no fim do primeiro turno, repetiu exatamente a ordem da votação nacional. Desde 1989, a coincidência entre o perfil da votação em Minas e o perfil da votação no Brasil foi de surpreendentes 74%.
147 viewsAndré Azzi, 20:40